Ode ao sonho – por Bianca Zasso
Crianças sonhadoras não costumam ter uma vida fácil. Isso porque a maioria dos pais não sabe valorizar as criações insólitas de seus pequenos. No cinema, uma francesinha cheia de imaginação sofreu nas mãos de genitores excêntricos. Mesmo quem não é chegado em cinema já se deparou com a imagem da doce Amélie e seu mundo verde, vermelho e amarelo.
Isso porque a personagem de O fabuloso destino de Amélie Poulain tornou-se um símbolo dos sonhadores do mundo inteiro e o rostinho de boneca da protagonista passou a estampar camisetas. Seus fãs carregam no peito, como que em protesto contra um mundo racional e egocêntrico, o rosto da moça francesa.
Dirigido e roteirizado pelo francês Jean-Pierre Jeunet, que desde os anos 70 reuniu dados para criar as situações vividas pela protagonista, O fabuloso destino de Amélie Poulain narra a mudança de vida de uma jovem francesa após ajudar seu vizinho a relembrar um dos melhores momentos de sua vida.
A emoção do novo amigo muda o modo de Amélie enxergar o mundo. Ajudar os outros torna-se a sua missão maior e seu prazer. Mas a vida de Amélie ainda precisa das cores do amor. O que começa como uma comédia inteligente torna-se um romance tocante, dotado de gestos cheios de significados.
Ambientado no bairro de Montmartre, em Paris, O fabuloso destino de Amélie Poulain é um filme feito para encher o espectador de esperança. Até o mais cético e calculista dos homens não resiste aos planos mirabolantes da francesinha para ajudar o próximo a ser mais feliz.
Lançado em 2002, o filme não envelhece e merece ser visto várias vezes. Uso o filme de Jeunet para desejar aos leitores desta coluna um 2014 cheio de sonhos. Sonhos realizados e novos sonhos. Pois sem eles, a vida não tem graça, não tem sabor e nem vale a pena. Sonhem. Assistam a filmes que façam sonhar. E realize, desde os menores desejos até as mais elaboradas empreitadas.
Bjus da Bia e bem-vindo, 2014!
O fabuloso destino de Amélie Poulain (Le fabuleux destin d’Amélie Poulain)
Ano: 2002
Direção: Jean-Pierre Jeunet
Disponível em DVD e Blu-Ray
É um filme delicadíssimo e forte ao mesmo tempo. A fotografia emociona. Todo mundo foi um pouco Amélie na infância, mas poucos conseguem reter essa sensibilidade na vida adulta, infelizmente.
Sonhar. Era, e já foi considerado heresia, porque vai de encontro a dogmas estipulados pela Igreja. Cecilia Meireles poetiza, escreveu um delicado poema sobre o tema: “Passarinho fez um ninho na nuvem / veio a chuva./Pobre de ti passarinho.” O mundo está cheio de doces sonhadores “comme Amélie Poulain” e psiquiatras apontam uma das causas de tantas desgraças que afetam o homem, são todas as heresias recitadas pelos mais sérios, os que pensam de forma ilusória que são realistas: os céticos, os mecanicistas e materialistas. Ninguém sonhou mais que o Cristo, as suas parábolas, demonstram isso. Sentiu na própria pele, o açoite dos hereges, mas foi o primeiro remissivo que na sua jornada aqui na terra, ousou colocar por terra os falsos profetas que ostentavam na aparência um falso poder. Até os dias hodiernos trilhamos o caminho das heresias e os resultados se repetem: violência, acidentes no trânsito, escatológicos e até quando?????????