Doce, doce, doce – por Luciana Manica
Doce e tecnologia juntos, como é que é? Pois a Google está sempre cheia de novidades e esta parece ser deliciosa, sua nova versão de sistema operacional Android para smartphones e tablets passará a se chamar KitKat. O nome adveio da parceria com a Nestlé, titular da famosa marca de chocolates. Hein?!
A Google vem nomeando seus programas com títulos de sobremesas, como as versões Cupcake, Donut e Jelly Bean. Nomes bastante inusitados, e vínculos bem diferentes ente as companhias. Infelizmente, a parte boa dos chocolates da Nestlé, embalagens especiais, não chegará ao Brasil, conforme nota da companhia.
Mas o que leva empresas de um ramo totalmente distinto a se vincular a outra marca de grande expressão? Passariam as pessoas a confundir KitKat, o saboroso chocolate, com um sistema operacional estilo Android, iOS, Linux, Windows? Muito provavelmente não. Trata-se de jogada de marketing, chamada co-branding, que não levam o consumidor a erro, portanto permitidas nas regras comerciais. Eventualmente, a Google queria alcançar uma clientela específica e, ao vincular sua tecnologia ao doce, fará com que muitos caiam na rede, ou melhor, de boca, atingindo mais uma fatia do bolo, ops, do mercado!
O co-branding é uma estratégia em que há a associação de duas ou mais marcas distintas para desenvolver um produto ou serviço que ofereça duplo valor agregado ao consumidor. Em outras palavras, nada mais é do que a junção de duas marcas reconhecidas por suas qualidades para que associadas consigam ter mais força e se diferenciar frente à concorrência. A tática pode ser usada em situações em que o mercado já está saturado ou quando a marca pretende entrar em um novo segmento.
Inovou a Nike, anos atrás, ao lançar seu Disk Man com tecnologia da Philips, atualmente atualizada para o MP4. Mas, também, lá se vão eras no mundo tecnológico. Esse episódio, em especial, permitiu que a Nike lançasse produto correlato aos seus, acessório esportivo, com tecnologia de ponta, sem ter que investir no know-how de eletrônicos, que não era sua praia. A Nike, assim agindo, destacou-se perante a concorrência e não teve que gastar tempo ou dinheiro até criar seu novo aparelho.
Algumas parcerias de co-branding parecem tão naturais que os executivos ficam pensando por que não começaram antes. A rede de lojas de departamentos Riachuelo ampliou suas lojas e agregou valor a sua marca ao realizar pactos a cada coleção com designers de ponta, como Alexandre Herchcovitch e Lorenzo Merlino.
Se você imaginou a qual marca seu produto ou serviço poderia se associar, diga aí, trick-or-treat (doce ou travessura?).
Ótima observação Raphael.
Caso não haja acordo entre as empresas, e uma se valer de marca da outra, configura concorrência parasitária, que ocorre quando uma marca pega carona na outra, sem autorização, para obter vantagem ilícita.
A título de curiosidade: existe uma distribuição Linux, a Debian, que batiza suas versões com nomes de personagens do filme Toy Story, enquanto em desenvolvimento (estágio ‘testing’), em seguida sendo numerada para o lançamento (a atual é ‘Wheezy’ – 7.0). Mas aí acho que não existe uma associação formal que caracterize co-branding, os caras dão esses nomes simplesmente por acharem isso legal…