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Dez anos sem Leonel Brizola – por Daniel Coronel

No dia 21 de junho completam-se dez anos do falecimento do ex-governador Leonel Brizola, que, indubitavelmente, foi um dos grandes estadistas brasileiros e  inspira ainda uma fiel legião de seguidores e admiradores que querem e lutam por um país mais próspero, fraterno, democrático  e soberano.

Brizola, ao longo de sua intensa vida política, deixou várias marcas e ações em prol da democracia e do povo brasileiro: em 1961, liderou a Campanha da Legalidade, a qual foi fundamental para o respeito à ordem e à Constituição, ao garantir a posse de João Goulart, em detrimento de subterfúgios e ações golpistas; em 1964, lutou até os últimos instantes para que o presidente Goulart resistisse ao golpe militar em curso; após quinze anos de exílio, foi, juntamente com Darcy Ribeiro, o idealizador dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs), os quais foram fundamentais para que centenas de crianças tivessem uma educação de qualidade. Também foi bem o idealizador da Universidade Estadual do Norte Fluminense Além disso, prestou a maior homenagem à cultura autóctone do país com a criação do Sambódromo, em 1984.

Com a redemocratização do país, candidata-se, em 1989, à presidência da República e, por menos de 1% dos votos, não disputou o segundo turno. Porém, em um gesto de grandeza e amor à Pátria, apoia, no segundo turno das eleições presidenciais, a candidatura Lula, em detrimento da de Collor, por entender que, mesmo com colossais e significativas diferenças entre os ideais trabalhistas e os do Partido dos Trabalhadores (PT), naquele momento era o melhor caminho para a população mais pobre chegar ao poder.

Nos seus últimos anos de vida, embora não tivesse o mesmo prestígio político e a capacidade  de arrastar multidões em seus comícios, como nas duas vitórias para o governo do Rio de Janeiro, não se deixou abater e seguiu fiel aos seus princípios e ideais trabalhistas, aproveitando todas as oportunidades que tinha para dar o seu recado e marcar posição. Prova disso é que, uma noite antes de seu falecimento, embora já acamado, estava articulando e discutindo sua possível eleição à prefeitura do Rio de Janeiro.

Com certeza, Brizola não foi em vida e não será depois de sua partida uma unamidade, mas foi um líder que inegavelmente  faz falta, não apenas porque, em toda sua vida pública, jamais se envolveu em nenhum escândalo de mau uso do erário público (embora a ditadura militar esmiuçasse e investigasse toda suas ações, jamais encontrou alguma ação que desabonasse sua conduta), mas por manter-se sempre fiel e coerente ao nacional desenvolvimentismo e por entender que a educação é o caminho mais seguro para termos um país mais justo, fraterno e soberano.

Enfim, passados dez anos de sua partida, mais do que nunca são pertinentes as palavras de Bertold Brechet: “Há homens que lutam um dia e são bons, há outros que lutam um ano e são melhores, há os que lutam muitos anos e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida e estes são imprescindíveis”.

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2 Comentários

  1. Depois desse texto sobre um dos maiores gaúchos que o RS já teve, faltam-nos palavras para exaltar suas ações em prol do povo rio-grandense, as quais ficaram gravadas em documentos e na memória de quantos viveram e vivenciaram os seus tempos de administrador público, quer como Prefeito de Porto Alegre, Governador do RS, Deputado Federal, Governador do RJ (duas vezes). Por onde passou deixou sua marca indelével em todos em setores da administração pública, mas sobressaiu-se no campo da EDUCAÇÃO tanto no RS e RJ, neste Estado também perenizou o local do Carnaval, o sambódromo, para não ser mais repetitivo, mas no RS, deu o passo inicial para a Reforma Agrária, inclusive, abrindo mão de terras que eram herança de sua esposa, infelizmente, o projeto não andou como ele queria, mas ele deu exemplos do que queria para o povo: EDUCAÇÃO, VALORIZAR O HOMEM NO CAMPO E TANTAS OUTRAS AÇÕES que jamais abriu mão embora todas as adversidades que sofreu, mesmo assim BRIZOLA é um VITORIOSO haja vista todas as ESCOLAS no RS e RJ.

  2. Estadista é meio forte. O finado Itagiba não foi presidente. Getúlio foi um grande estadista. E a grande diferença está aqui, enquanto um lutou, o outro construiu. Não que Brizola não tivesse méritos, as escolas que abriu no RS foram muito importantes. Também ficou ao lado de Collor durante o processo de impeachment.
    Brizola era cunhado de Jango. Ambos grandes proprietários de terra. E Brizola gostava de fazer reforma agrária.
    Resumindo: teve erros e acertos. Mas, mesmo não concordando, era alguém que se deveria escutar.
    E o Bertold Brecht? Esqueceu que há comunistas que fogem para lutar outro dia (se considerarmos escrever peças de teatro algum tipo de luta). Quando os nazistas assumiram a Alemanha, ele picou a mula.

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