Ideias fantásticas (sqn) e lucrativas! – por Luciana Manica
Quando nos deparamos com um amigo contando sobre alguém que está com as pernas para o ar ganhando milhões, ou ainda já abastado o suficiente e pensando no próximo investimento, faz-nos refletir o que estamos fazendo de errado.
Descartando os negócios ilícitos, até funcionário público pode ficar rico! Mas como? Comentei dias desses, um juiz eleitoral criou com seu irmão a urna eletrônica, tecnologia vendida a diversos países.
Ou seja, nada impede que as pessoas visualizem necessidades que terão serventia. Mas o que mais impressiona é o volume de dinheiro advindo de inutilidades ou coisas bizarras. Os nascidos nos anos 70 e nos anos 80 poderão recordar de brinquedos tinhosos que viraram febre.
Na década de 70, Gary Dahl obteve 15 milhões de dólares em apenas seis meses por vender uma pedra que deveria ser criada como animal de estimação. Fico imaginando o que davam para as crianças naquela época para gerar tamanha alucinação.
Já nos anos 80, quem não teve a mola maluca? A criança pegava uma ponta em cada mão e ficava alternando, dando a ilusão de mudança de cores, quando muito. Dito invento adveio da ideia que Richard James teve para aliviar a tensão. Fala sério, só de me lembrar me dá um nervoso!! O criador embolsou mais de 250 milhões de dólares com o brinquedo. Pensando bem, com esse faturamento, até eu ficaria zen!
Parece que os anos 80 foram iluminados. O criador Scott Stillinger vendeu a empresa que produzia o brinquedo feito de bolinhas de tiras de elástico por mais de 100 milhões de dólares. Elas foram desenvolvidas para permitir que as crianças segurassem o brinquedo mais facilmente. O único problema é que as tais tiras “limpavam tudo”, trazendo consigo cabelo, poeira, de forma a não mais se desgrudar do tal artefato. Também nessa época surgiu o polvo de plástico, que jogado à parede “se movia”. Este rendeu mais de 80 milhões de dólares a um investidor.
Há ainda o inventor de óculos para cachorro. Por óbvio fora desenvolvido depois do dono verificar que seu cão tinha dificuldade para enxergar no sol. Hoje pode ser comprado por um pouco mais de 100 reais, e a criação foi estendida para gatos. Na verdade, não se trata de uma inutilidade. Segundo consta, os bichanos devem ter seus olhos protegidos assim como os seres humanos.
Outra criatura inventou um cobertor com mangas. Essa novidade atingiu a rentabilidade de mais de 200 milhões de dólares a Scott Boilen. Graças a investimentos com propaganda, foram mais de 20 milhões de peças vendidas no primeiro ano. Atualmente, pode ser comprado por 15 dólares. Fico idealizando a pessoa vestida de cobertor e tropeçando pela casa. Sim, né, porque se não tapar o pé, qual a utilidade?
Mas total, enquanto eu queimo neurônios com tantas informações jurídicas, prazos, estudos acadêmicos, outras pessoas são mais “desligadas”, permitem-se materializar aberrações que geram, nada mais, nada menos que milhões. Mas nós, menos criativos, podemos atuar como investidores dessas ideias malucas. Aí me pergunto: louco é quem cria ou quem deixa de apostar nelas?
Olá GEF
Realmente encontramos coisas bizarras patenteadas, isto é sem fundamento para muitos, mas que outros tantos apostam e enriquecem o criador e/ou investidor. Essa foi a razão do artigo! Acredito que coisas "inúteis" para alguns e patenteadas não prejudicam a sociedade, pois a patente é um direito de exclusiva por um determinado período que depois é liberado para a sociedade usar livremente. Se uns acham algo inútil, não estarão limitados de usar pelo fato da invenção estar patenteada, pois não estão usando uma vez que acham inútil, e não por outro motivo, rsrsrs.
Mas acredito, ao menos na lei diz, que a invenção tem que ter um fim social, e esse fim pode ser compreendido pelo fato da criação ser exclusiva por apenas um tempo, depois será da sociedade. E o próximo inventor partirá do estado da técnica e terá que criar algo que ainda não é de domínio público para obter direito de exclusiva. Ou seja, esse FIM SOCIAL previsto na lei, não necessariamente tem que ter uma boa utilidade, porque os demais requisitos são: atividade inventiva (para PI), ato inventivo (para MU) E aplicabilidade industrial E novidade absoluta.
Ou seja, não fala em UTILIDADE para o bem de todos. Até porque o que é útil e bom para uns, pode ser inútil e terrível para outros. O fato é que a invenção, com o fim da patente, atingirá o fim social pois ficará para a sociedade poder usar, fruir e dispor.
Outro ponto concordo contigo, às vezes as empresas precisam de assessoria quanto à opção de patentear (e abrir seu conhecimento) ou manter em segredo industrial. Daí advém a importância de um técnico no assunto.
Sem entrar em elocubrações jurídicas (Trips, Convenção União de Paris, etc), patente é, obviamente, meio e não fim. Existe custo envolvido. Como índice serve para muito pouca coisa. Existem patentes que são irrelevantes porque o objeto não tem aproveitamento ou porque é substituível. Cartão telefônico brasileiro é exemplo, pode-se utilizar outra tecnologia (se for economicamente viável)e esperar a patente caducar ou o sistema todo ficar ultrapassado.
Se não existe substituto para o produto/processo, existe o dilema: patentear e facilitar a pirataria ou não patentear e tratar como segredo industrial.
Caso interessante é o caso da impressora 3D, conceito antigo, tecnologia disponível (maior parte) desde os 80's, mas as últimas patentes caducaram em 2009. E o mercado ainda não decolou.
Outro caso interessante é o da Tesla. Elon Musk andava com problemas para fazer decolar o mercado de carros elétricos. Abriu mão de todas as patentes da empresa, desde que sejam utilizadas para desenvolvimento de carros elétricos.
Finalmente, qual o problema de "motar lego"? É que qualquer um pode fazer. Vamos ver o que acontece com a Embraer agora que a Mitsubishi está entrando no mercado de jatos regionais.
Felizes almas que contribuem para seus países, criando, inventando… Outras menos capazes, investem e fazem tais projetos saírem do papel. 😀
Olá
Na verdade, uma patente para ser protegida não precisa ser oriunda completamente de peças novas. Acoplar o que existe, misturar sistemas, processos e/ou peças, concede ao inventor a possibilidade da propriedade da invenção se nova mundialmente. Não desmereço a urna eletrônica, cartão telefônico, instagram (um dos desenvolvedores é brasileiro) pelo fato de terem feito uso de peças/processos já disponíveis. Eles foram inteligentes o suficiente para criar algo novo de coisas já existentes.
Elas não se acoplariam sozinhas pela natureza. Há interação do ser humano, se há atividade inventiva/ato inventivo, aplicabilidade industrial e novidade, merece o crédito de uma patente.
Errado? Cultura. Todos tem "direitos", logo é melhor esperar o Estado prover. Ou esperar cair do céu. Nos EUA, uma mulher chamada Elizabeth Holmes largou a faculdade aos 19 e abriu uma empresa que produz um aparelho que realiza 30 tipos de exames diferentes com uma gota de sangue. Até contratou um ex-professor e colocou como diretor.
Outra, Leslie Dewan (27 anos), abriu uma empresa numa incubadora junto com colegas. Desenvolvem um projeto de usina nuclear mais seguro e que consome o lixo das outras usinas. O PhD nos EUA e no Canadá tem uma prova oral antes do sujeito poder defender o projeto de tese. Eles estavam descansando depois de estudar 14 horas por dia durante dois meses e tiveram a idéia (MIT não é fácil).
Brasil? Bel Pesce. 26 anos. Meteu a cara no mundo e conseguiu uma graduação no MIT. Aos 17, sem programas do governo. Acabou fazendo uns quatro cursos. Até prêmio internacional já ganhou.
Não tenho idéia se o referido juiz ficou rico, mas a urna eletrônica utilizada atualmente foi projetada no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais e era (ou é) produzida por uma empresa de Campinas. O irmão do juiz adaptou um microcomputador comum a um leitor ótico semelhante ao utilizado para leitura de cartões de loteria. A pessoa votava normalmente e o voto era escaneado antes de ir para a urna. O resultado foi computado e transmitido via linha telefônica e depois compararam com a apuração normal. Nem era um conceito novo, os americanos começaram a usar cartões perfurados na década de 60. O código eleitoral brasileiro de 32 já previa o "uso das máquinas de votar", artigo 57.
Cartão telefônico? Utilizado 20 anos antes na Itália. Tecnologia diferente, usava fita magnética parecido com o cartão de crédito.
E tem mais na lista. Os 20% mais nobres dos componentes dos aviões da Embraer (turbinas, aviônicos)são importados. A maior parte da tecnologia da Petrobrás é terceirizada. Supercomputadores comprados (operação com gente da UFRJ no meio), robos submarinos comprados…A OGX do Eike Batista tinha muita gente oriunda da Petrobrás e o petróleo que ele esperava encontrar não existia. Mas o jogo é este, quem não supervalorizar os "feitos" brasileiros tem "espirito de vira-lata".