As espertas estratégias – por Gilson Piber
Alguns governantes são campeões em estabelecer estratégias favoráveis quando estão no poder. Quando as notícias são positivas, entram o campo o “eu faço”, o “eu libero”, o “eu mando”, o “eu envio”, o “eu assino” etc. Quando a população faz cobranças sobre problemas existentes, as respostas para as soluções são dadas pelo “nosso governo”, “a nossa equipe de trabalho”, “os nossos secretários” etc. É quase uma transferência de responsabilidade.
Outra esperta estratégia de alguns governantes é aquela de assumir projetos de gestões anteriores como sendo seus. E a tal paternidade do alheio. São propostas “desenterradas” pelos gestores da hora. O que estava no papel vira algo real, da noite para o dia, menosprezando a inteligência e a memória das pessoas. Há uma tentativa forçada de estabelecer o esquecimento de como, efetivamente, é difícil e demorada a liberação de recursos junto às esferas estadual e federal, bem como de outros organismos financiadores.
Muitos alegam que trabalham pelo povo, mas governam do interior das suas espaçosas salas climatizadas e só saem à rua acompanhados de aspones e puxa-sacos de plantão. São os mesmos que dizem ao chefe que está tudo ótimo e maravilhoso. Mal sabem eles que tais procedimentos não contribuem em nada com as administrações. Muitas chefias adoram reuniões com empresários e lideranças influentes, mas não têm contato direto com o trabalhador, leia-se povo, que acorda de madrugada, pega dois ônibus, encara o sol a pino, leva uma marmita de comida e faz da labuta diária uma atividade digna para sustentar a família.
Quando determinados governantes são criticados por algo malfeito ou ainda não feito, imediatamente, buscam ações para desqualificar os contrários. Assuntos que prejudicam um idoso, uma pessoa mais humilde ou uma comunidade são vistos como “questões menores”, “de pouco interesse”, “sem sentido” etc. Discussões pequenas não interessam a alguns líderes, afinal, “o que os olhos não veem, o coração não sente”.
Muitos colaboradores de governos são desgastados ardilosamente com o tempo. Nem sempre pela ineficiência administrativa, mas por “incomodar” o chefe com verdades e correções de rumo que não querem ser ouvidas. Pior é a vida daqueles que auxiliam muito nas vitórias eleitorais. Depois, alguns acabam “fritados” e são colocados à margem das administrações.
O pior cego é aquele que não quer enxergar as convicções equivocadas, bem como os reais problemas enfrentados pela população nas cidades, nos estados e no país. O pior cego é aquele que ignora a crítica construtiva e acha que está tudo certo.
Gilson Piber – [email protected]
Parabéns, Gilson. Ótima abordagem sobre “OS CEGOS DO CASTELO”! Os que se elegem pelo voto da maioria silenciosa e depois governam para a minoria ruidosa.