A importância das instituições democráticas – por Daniel Arruda Coronel
No final de semana, em várias partes do país, centenas de pessoas foram protestar contra a corrupção e o governo democraticamente eleito de Dilma Rousseff, o que é legítimo e faz parte do estado democrático direito. Contudo, o que é lamentável e vergonhoso são pessoas saírem às ruas e defenderem a intervenção militar, visto que a ditadura militar legou ao país o aumento das disparidades econômicas e sociais, da dívida externa e das taxas de inflação, bem como centenas de pessoas mortas, desaparecidas e torturadas por um regime torpe de distensão política.
Embora o governo Dilma tenha errado em vários aspectos tais como uma política econômica equivocada, que não logrou êxito em fomentar de maneira eficiente os setores produtivos do país, em buscar taxas sólidas de crescimento econômico, em diminuir as taxas de juros e em conter a sobrevalorização cambial, tal governo foi eleito democraticamente pela maioria da população brasileira, em dois turnos, em outubro do ano passado.
Não obstante a isso, os casos vergonhosos de corrupção que são notícias diárias em todos os meios de comunicação devem ser amplamente investigados e apurados, com a máxima acuidade, e os que forem considerados culpados devem cumprir suas penas dentro da lei. Mas, para isso, é fundamental o fortalecimento das instituições democráticas de direito, de um jornalismo sério, livre e isento de qualquer preconceito, e, mais do que nunca, é importante que a sociedade não queira, a cada decisão econômica e política do governo, fazer um terceiro turno predatório e antecipado.
Além disso, é fundamental também que não se cometam os mesmos erros que foram feitos no pré 1954 e 1964, determinantes para a morte de um presidente, o qual foi alçado à condição de mártir e para a derrubada do governo constitucional de João Goulart, o qual tinha um projeto de desenvolvimento econômico e social.
Os equívocos de 1964 legaram ao país vinte um anos de ditadura, que não são motivo de honra e orgulho, muito pelo contrário, é a partir disso que se deve valorizar ainda mais a democracia, com respeito às leis e às instituições democráticas. Como muito bem disse o grande estadista inglês Winston Churchill, ” A democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos”.
Tecnicamente Dilma não foi eleita pela maioria da população. Ela foi eleita com pouco menos de 55 milhões de votos para uma população de pouco mais de 140 milhões de eleitores. Eleição foi legítima? Foi. Só que, como diz o sujeito do filme, o papo tem que ser reto.
Não gosto de perder tempo discutindo o passado, mas o pré-64 é bem diferente do que existe hoje. Mas alguns acham útil perder tempo discutindo o antanho e problemas imaginários ao invés de discutir o presente. Não é problema meu.
Jango, sem dúvida, é mártir para alguns. Para outros não tinha competência e nem habilidade política para ocupar o cargo de presidente. Não significando que tinha que ser derrubado, as pessoas tem que pagar pelas más escolhas. Faz parte da democracia e do aprendizado. E a inflação em 64 estava acima de 80% ao ano. Maior do que a Venezuela de hoje. Entre outras coisas.