OPINIÃO. A “Universidade em Movimento” e o que há hoje na UFSM, segundo Marionaldo da Costa Ferreira

Espaço democrático e que se propõe também a ser um canal de debates, o sítio publica artigo de opinião, que traz uma visão bastante peculiar do que ocorre no interior da UFSM. Obviamente, o contraponto (se houver) será bem vindo. Confira:

Universidade em Movimento

Por MARIONALDO DA COSTA FERREIRA, Servidor Publico na UFSM

A história mostra que muitas instituições e governantes, ao proporem substanciais mudanças, que mexem em estruturas consolidadas, enfrentam forte oposição. O nacional desenvolvimentismo do segundo Governo Vargas, que deu ênfase às instituições e à indústria nacional, é um exemplo disso.  Ele sofreu uma forte e desleal oposição. Usando de ações e elementos torpes, ela acabou contribuindo para o desfecho melancólico da situação.

As reformas de base de João Goulart visavam resgatar a justiça social e dar um novo patamar de desenvolvimento econômico ao país e foram rotuladas pelos setores conservadores como um mal a ser combatido a qualquer custo.

Desde o final de 2013, a Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) vem passando por profundas e significativas mudanças. A primeira sinalização dessa mudança foi a posse do atual Reitor. Tradicionalmente, a transmissão do cargo era feita dentro de salas. Desta vez, a proposta foi fazer sob um “lonão” e ao ar livre. O resultado pôde ser comprovado com a presença de mais de mil pessoas., sendo que, de acordo com o relato de algumas delas, muitas assistiram à posse pela primeira vez, depois de anos fazendo parte da comunidade da UFSM.

Quando propomos esse tipo de ação, sentimos que havia uma necessidade de mudanças que, apesar de simples, trariam muitos benefícios à Universidade. Esse ato, que desde o início teve resistência, foi o marco das mudanças que estavam e estão por vir.

As mudanças continuaram. Mudanças não apenas físicas e estruturais, mas também de cunho político e institucional. A substituição do vestibular pelo Sistema de Seleção Unificada (SISU), visando modernizar e aumentar as oportunidades de ingresso na instituição; a regulamentação do nome social, com o objetivo de garantir maior dignidade para à população trans; as cotas raciais, contemplando a população negra e indígena, bem como as pessoas com deficiência; a Estatuinte; a Comissão da Verdade; ações objetivando que as pessoas aproveitem mais as oportunidades que a universidade oferece, tais como o programa Viva o Campus, que atrai em média cinco mil pessoas aos finais de semana ao campus sede da instituição, através de atividades de cultura, lazer e recreação; maior abertura aos movimentos políticos, sociais e culturais, fazendo com que eles sejam sujeitos da mudança; o debate qualificado que está sendo feito sobre o horário corrido escalonado e, por fim, a ação corajosa do reitor de repensar o ponto eletrônico.

Essas ações, embora pequenas, certamente contrariam vários e fortes interesses.

De outro lado observo que muitos da comunidade universitária desejam se redefinir, encontrar um norte, um lugar onde possam chegar.

Neste momento de dificuldade de todas as ordens, temos de apostar que nossos qualificados servidores e os sempre ativos  estudantes, bem como a comunidade regional, entendam que a UFSM é o nosso bem maior. A instituição saberá reagir às ações que querem desestruturar tudo em nome do nada. Assim como, resistir à  tentativa de alguns grupos de desestruturar o ensino, a pesquisa e a extensão

Juntos com todos que conhecem a importância da democracia, que, apesar de barulhenta, é uma forma dignificante de ser cidadão, vamos recuperar a grandeza da Universidade, fazendo-a voltar a um patamar que já esteve em um tempo não distante.