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Nada de novo no front – por Antonio Candido Ribeiro

Depois de um período de descanso (meio forçado, meio férias), estou de volta. E bom seria se, na volta, eu me fizesse arauto ou comentarista de boas novas, de excelentes notícias. Infelizmente, não é assim. O sol, do qual falei em meu último texto, esperançoso de que ele nos iluminasse a todos, especialmente a quantos têm a responsabilidade de gestão da coisa pública, nesse tempo, coisa de um mês, não conseguiu sobrepujar as trevas e as tempestades.

E cá estamos todos nós, pasmos, boquiabertos, vendo nossos irmãos servidores públicos estaduais receberem seus caraminguás em módicas prestações, como se prestações eles não tivessem para pagar, como eles se não precisassem comer, manter filhos vestidos e alimentados, como se eles não precisassem pagar luz, água, como se eles não precisassem sobreviver.

Fosse eu um homem de modos rudes, dado a grosserias, diria que isso é uma inominável sacanagem, que isso é safadeza da grossa. Como não sou, direi simplesmente que isso é desumano; direi apenas que nada – nem a mais crassa incompetência governamental – justifica atrasar vencimentos de trabalhadores, sejam eles do setor privado, sejam eles funcionários públicos. Não há crise que justifique o fracionamento salarial posto em prática na velha – e já não tão orgulhosa – Província de São Pedro do Rio Grande.

Seria isso (o fracionamento) apenas uma maldosa estratégia para justificar a gasta e inaceitável manobra dos governantes incompetentes de todos os tempos, de todos os matizes políticos e todas as esferas administrativas, que é produzir arrecadação aumentando tributos? A propósito, se o caso é aumentar a arrecadação de tributos, por que não rever isenções e “incentivos” que beneficiam alguns segmentos econômicos, em detrimento da esmagadora maioria, que, ao cabo de tudo, arca verdadeiramente com o ônus tributário, que somos  nós os consumidores finais?

Mas, não param por aí as más notícias. No plano federal, se anuncia, sob alegação de necessária transparência (e de uma espécie de choque de realidade,) um inédito déficit orçamentário para 2016. E também se anunciam mudanças tributárias para aumentar a arrecadação. Simples assim! Sem falar na agudização dos cortes e do contingenciamento do orçamento em execução.

Quem é servidor público federal, sabe do que estou falando. E, por favor, não vá alguém pensar que estou me referindo a questões salariais, que são, também, evidentemente, importantes para quem há muito não vê o poder de compra de seus vencimentos ser recomposto pelo menos com os índices mais acanhados de aferição inflacionária.

É, amigos, nessa guerra em que nos meteram, nada de novo no front!

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