KISS, 3 ANOS. Impotência, frustração e abandono, presenças reais no dia-a-dia dos familiares das vítimas
Por FRITZ R. NUNES (texto) e IVAN LAUTERT (foto), da Assessoria de Imprensa da Seção Sindical dos Docentes da UFSM
A maior tragédia da história do RS, o incêndio na Boate Kiss, que ceifou a vida de 242 pessoas em Santa Maria, completa três anos na madrugada da próxima quarta, 27 de janeiro. Para o presidente da Associação dos Familiares de Vítimas e Sobreviventes da Tragédia (AVTSM), Sérgio da Silva, o sentimento é de “abandono”. Já Flávio da Silva, vice-presidente da AVTSM e integrante do Movimento Santa Maria do Luto à Luta, se sente tomado de “frustração” e “impotência”, diante da ausência até o momento de punição aos causadores diretos, e também pela falta de responsabilização de outros setores, que não apenas os donos da casa noturna e os músicos da banda que tocavam na boate no dia do incêndio.
Tanto Sérgio como Flávio perderam filhos na tragédia de 27 de janeiro de 2013. Sérgio, hoje com 52 anos, perdeu o filho Augusto Sérgio Krauspenhar da Silva, que este ano estaria fazendo 23 anos. Enquanto Flávio, atualmente com 55 anos, perdeu a filha Andrielle Righi da Silva, que em 2016 faria 25 anos. Em comum entre os dois pais, a luta cotidiana em busca de justiça, não somente pela punição dos responsáveis pela tragédia, mas também para evitar que fatos semelhantes se repitam.
Ao longo de três anos, Sérgio e Flávio aprenderam na marra que a busca por justiça esbarra, muitas vezes, nos interesses políticos e econômicos. Eles lembram que a Lei Kiss, elaborada com o intuito de minimizar que tragédia similar volte a ocorrer, acabou flexibilizada para atender a diversos interesses. Os políticos, pressionados por setores da sociedade que pensam mais no impacto financeiro e custos a partir da nova lei, acabaram por enfraquecer uma proposta mais avançada, destacam os pais.
Flávio Silva ressalta que não tem nada contra os Centros de Tradição Gaúcha (CTGs) ou contra os templos religiosos. No entanto, a pressão dos que representam esses segmentos, analisa ele, foi a responsável para que, por exemplo, a legislação que iria prever que locais de eventos públicos a partir de 750 metros quadrados tivessem um plano de prevenção contra incêndios completo (PPCI), fosse modificada e essa exigência deverá valer somente para os locais com área acima de 1.500 metros quadrados. Para Sérgio da Silva, é decepcionante perceber que a política é feita, não visando ao bem-estar do cidadão, mas em cima de interesses pessoais.
MP deveria ter “cortado na carne”
Para os dois pais, o Ministério Público em Santa Maria, através da atuação dos promotores do caso Kiss, tem sido uma grande decepção. Na avaliação de Sérgio e de Flávio, os promotores se equivocaram ao não aceitar o indiciamento da Polícia em relação aos agentes públicos, incluindo secretários de município e o próprio prefeito Cezar Schirmer. Flávio Silva vai além e argumenta que o MP deveria ter “cortado na própria carne”, responsabilizando o promotor Ricardo Lozza, que era quem levava à frente um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com os donos da Boate Kiss, em função da reclamação sobre os ruídos ocasionados pela casa noturna.
Foi no desenrolar do TAC que os proprietários do empreendimento colocaram uma espuma imprópria no local, e que, durante o incêndio, liberou a fumaça tóxica responsável pela maioria das mortes. Na análise dos dois pais, tanto o MP, como a prefeitura e o Corpo de Bombeiros, foram negligentes na fiscalização da boate.
Na avaliação de Sérgio da Silva, é triste constatar que um órgão que deveria primar pela defesa da sociedade, acabou se distanciando disso e por não aceitar críticas, hoje está processando alguns pais (entre eles, Sérgio e Flávio). Para Sérgio, ao processar os pais sob a alegação de que foi a ofendida a honra do promotor Ricardo Lozza a partir dos cartazes críticos com a foto dele (Lozza), o MP cometeu um “abuso de autoridade…”
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