Tô cansado! – por Carlos Costabeber
Confesso que estou cansado! Cansado de trabalhar muito para manter as portas da empresa abertas; de ser responsável por dezenas de empregos; de manter em dia os inúmeros compromissos; de enfrentar uma competição agressiva; de ter de encontrar alternativas a cada momento; das noites de insônia e de desgaste físico e emocional.
E depois de um dia pesado, ligar a TV só para ver noticias ruins: escândalos, corrupção, roubalheira, crise econômica, crise política. Aumentos em escala assustadora: do desemprego, dos impostos, dos juros, do dólar, da inflação; dos preços dos combustíveis, energia e tudo o mais. Sem falar no crescimento da criminalidade, no caos da saúde, nas epidemias. Na situação crítica das finanças públicas.
A minha geração já vivenciou (e sobreviveu) a muitas crises. Mas agora, o cenário é muito pior, pois ninguém consegue visualizar qualquer expectativa de melhoria no horizonte. A incerteza é tamanha que tem levado empresas a demitirem em massa e cancelar investimentos; e às pessoas, a reverem suas expectativas futuras e reduzir os orçamentos familiares. Tudo, praticamente num silêncio constrangedor.
Estou cansado das promessas vãs, da incompetência da gestão pública; cansado das ameaças de aumento de impostos; de ver pessoas humildes sofrendo por falta de assistência; de hospitais sucateados, estradas intransitáveis, segurança insuficiente e ensino público desvalorizado. Estou cansado de pagar por essa conta infindável.
Mas se eu estou me queixando de cansaço (um pouco pela idade, claro), imagino o que se passa pela cabeça de quem perdeu o emprego, de quem vê o salário corroído pela inflação, de quem depende dos serviços públicos; de quem sabe que vai deixar para os filhos um país sem perspectivas para o futuro. Isso, sim, é uma desgraça !!!!!
Mas me penitencio por estar reclamando ! Deus tem sido muito bom, enquanto milhões de brasileiros sofrem as duras consequências de um país dirigido por políticos incompetentes. Na realidade, são 200 milhões de brasileiros que se sentem cansados, obrigados a carregar um fardo insuportável; ignorados, menosprezados. Mas mesmo em agonia silenciosa, estamos esperançosos de que surjam novas lideranças, capazes de resgatar a dignidade dessa grande nação.
Como as pessoas se arvoram a falar em nome dos outros: há pouco um outro indignado disse que a cidade inteira se sentia como ele, e agora este senhor querendo falar em nome de 200 milhões! E, pasmem, foi professor universitário! Seus colegas não vêem assim: há projeções de crescimento para 2017. E mais: parece que a situação econômica está ruim só no Brasil! O Deus Mercado, que reina absoluto no primeiro mundo (como gostam de alardear) – EUA à frente – é a origem de toda a crise: mais e mais desigualdade social gerada pela acumulação de capital e concentração de renda só pode dar nisso. Agora se queixam, mas viviam alardeando a Santa Maria campeã de vendas de Focus: a custa do que? Desoneração, né?
Este sr é homônimo do outro? Duas atrás era só otimismo.