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Diálogos – por Bianca Zasso

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Uma boa conversa fecha negócios, preserva o amor, resolve pendengas e, dizem, nos leva até Roma. Expor verbalmente o que sentimos e pensamos, com as devidas precauções, é o melhor jeito de levar a vida. Mas e quando a comunicação falha, será que tudo está perdido? O cinema dos nossos hermanos provou que não. A confusão linguística pode ser a porta de entrada para uma bela amizade.

O cinema argentino, conhecido por seu humor negro e por explorar com carinho as belas paisagens de sua capital Buenos Aires, conquistou público e crítica depois da premiação do ótimo O segredo dos seus olhos, de Juan José Campanella como melhor filme estrangeiro no Oscar de 2009. Mas esta colunista que vos escreve irá destacar uma comédia que tem como base uma trama criativa e inteligente. Um conto chinês, do diretor Sebastián Borensztein, não arranca gargalhadas, mas sorrisos sinceros. Algo, convenhamos, bem mais complicado de se conseguir.

O roteiro tem como protagonista o metódico Roberto, interpretado com precisão por Ricardo Darín, o mais conhecido e solicitado ator argentino. A vida do personagem se resume a cuidar da ferragem que herdou do pai, dormir e acordar sempre no mesmo horário e manter a casa em ordem. O único momento em que sua cara amarrada ganha um toque de ternura é durante o ritual de procurar nos jornais histórias absurdas para aumentar sua coleção de recortes.

O que parece fugir da realidade causa encantamento em Roberto. E será um acaso inexplicável que vai mudar sua rotina aparentemente inalterável. Ao encontrar com um chinês que não sabe uma palavra de espanhol, ele encara uma aventura dupla: ajudar o novo amigo a encontrar seu destino e dar outro sentido para seus dias tão iguais.

Os momentos mais tocantes de Um conto chinês são centrados no dilema de Roberto, que se vê dividido entre o desejo de ajudar o jovem oriental e a vontade incontrolável de voltar para sua rotina sem sobressaltos. Temperando tudo isso, ainda temos a insólita cena de abertura que parece não fazer muito sentido, mas que será o divisor de águas do filme.

Um conto chinês não é apenas um bom filme. E não é bom porque é argentino ou porque tem Ricardo Darín. Seu mérito é contar uma história que poderia ter personagens de outras nações e se passar em qualquer parte desse nosso planeta. Não falar o mesmo idioma não é empecilho para que uma relação seja construída de maneira sólida. Roberto continuará o turrão de sempre, mesmo depois da passagem de seu amigo chinês. Mas a vaca vai mudar tudo de lugar. Que vaca? Assista e descubra.

Um conto chinês (Um Cuento chino)

Ano: 2011

Direção: Sebastián Borensztein

Disponível em DVD, Blu-Ray e na plataforma Netflix

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