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Por que liberalismo no Rio Grande? – por Giuseppe Riesgo

O articulista responde a própria pergunta, do ponto de vista dos liberais

“Fui liberal” é a famosa frase de Bernardo Pereira de Vasconcelos, um dos construtores do Império no Brasil, um dos fundadores do então Partido Conservador. A frase é uma lição de política por uma razão muito simples: às vezes é preciso se perguntar pelo que as circunstâncias exigem, se mais liberalismo, se mais conservadorismo, se mais ou menos intervencionismo, se mais ordem, se menos ordem.  Ou seja, a pergunta é: que tipo de pensamento político deveria nos governar hoje?

O Rio Grande do Sul sempre foi governado por uma mentalidade majoritariamente socialista, em um sentido muito específico: o Estado deve ser o indutor do desenvolvimento; os serviços públicos conduzem o Estado adiante; é preciso, portanto, investir mais e mais naquilo que vem do Estado. Mas francamente: essa mentalidade tem nos levado a viver para o Estado, na esperança de, quem sabe um dia, viver também do Estado. Isso não é aceitável, não é sadio e tem nos trazido consequências muito danosas, não só econômicas, mas também cívicas.

Vejamos um exemplo. O ex-governador Eduardo Leite enviou à Assembleia Legislativa, nesta última legislatura, um conjunto importante de reformas: previdência, reestruturação de carreiras, algumas privatizações. E teve o decisivo apoio dos liberais. Em tese, a ideia era racionalizar e enxugar o Estado.

Mas logo adiante, ainda dentro da tragédia social e econômica da pandemia, o mesmo Eduardo Leite concedeu aumentos para o funcionalismo, abriu concursos públicos em áreas não essenciais e, o que é pior, propôs a manutenção do aumento de impostos. Aqui, obviamente, teve a resistência decisiva dos liberais.

Leite, um socialdemocrata, propôs reformas e reduziu a máquina pública. Mas para quê? Para logo em seguida propor um novo aumento da máquina, para acomodar interesses, para fazer não que o Estado saísse um pouco das costas do cidadão, do pagador de impostos, do empreendedor. Não! As reformas, na mentalidade que tem governado o Rio Grande, servem para que a própria estrutura estatal possa sobreviver. Em outras palavras: essa mentalidade não vê problema algum em chamar o cidadão, mesmo em um cenário de crise econômica, a pagar, como sempre, a conta. É uma perversão da vida em comunidade: é o indivíduo que passa a servir ao Estado, não o contrário.

Creio que é hora, sobretudo no Rio Grande do Sul, de afirmarmos, nem que seja pela circunstância, “sou liberal”. Os liberais têm a exata consciência de que o Estado deve ser enxuto não para ser ineficaz, mas para que possa servir adequadamente, especialmente na segurança, na saúde e na educação, ao cidadão. Os liberais são os únicos que estão dispostos a, efetivamente, combater o esquema de privilégios que corrói as instituições de Estado. Os liberais são os únicos que estão dispostos a propor o que é, no caso do Rio Grande, uma emergência: retirar poder do âmbito político, reduzir o espaço do funcionalismo, combater as benesses das castas burocráticas, para, enfim, entregá-lo – sobretudo na forma de menos impostos, menos burocracia e mais liberdade – ao indivíduo.

(*) Giuseppe Riesgo é deputado estadual e cumpre seu primeiro mandato pelo partido Novo. Ele escreve no Site todas as quintas-feiras.

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6 Comentários

  1. No que chegamos ao candidato do ‘Novo’. Jobim era tucano, não era? O avo e o bisavo, mimimi a parte, eram PSD, não eram? Não foi assessor juridico do Valdeci do PT? Quando diretor do Diário não fazia salamaleque ao pessoal ‘lugar de fala’? Não dizia que era liberal ‘com forte preocupação social’? Olhando daque parece outro ‘genio’ que dizia (no mesmo veiculo) ‘aprender muito com o pessoal da esquerda’, o miolo do numero sob o qual concorre é o artigo do Codigo Penal relativo ao estelionato, marketing genial. Resumo da opera: ‘liberais’ são só mais um grupo de mimizentos.

  2. Dudu Milk não é burro. E um politico tradicional apesar da idade. Navega no sistema. Tucanos tem um ‘convenio’ com os vermelhos no RS. Indigesto Nãosoubom elegeu-se assim. São os tais ‘compromissos’. Num segundo turno muito provavelmente ganhara o voto deste pessoal.

  3. Aldeia, por exemplo. No que diz respeito ao desenvolvimento existem duas correntes. Uns querem que algum politico pegue algum empresario endinheirado pelo pescoço e faça ele investir um caminhão de dinheiro na urb. Tem que se resolver pela ‘politica’. Outros vivem de copias, vamos construir a estatua gigante de alguma Santa, vamos plantar maça como Vacaria, vamos copiar o Natal Luz de Gramado (o Universo é Santa Maria e os arredores), vamos copiar os frigorificos de Chapecó, vamos copiar o Distrito Criativo de Floripa, vamos incentivar a cultura (que demanda muito investimento e tem muito pouco retorno), são as incubadoras (quase toda cidade media tem pelo menos uma), etc. Conclusão é que não tem a minima ideia do que estão falando ou fazendo.

  4. Recursos são limitados. Somente asnos defendem o moto perpetuo economico, isto já é bem claro. Estado retira recursos da sociedade, ou seja, diminui a atividade economica. Com este dinheiro deveria primordialmente resolver saude, educação e segurança. Se restasse alguma coisa deveria incentivar alguns setores da economia. Não é assim. Saúde, educação e segurança são os que a casa tem para oferecer e as intervenções geralmente causam mais problemas que resolvem. Justificativa? ‘Precisamos de mais gente e mais dinheiro’. Ou ‘vamos imprimir dinheiro porque num passe de magica tudo se resolve’. Serviço publico conduzir o Estado é outra estultice, como um cachorro querendo matar a fome comendo o proprio rabo.

  5. Existem problemas sociais, não há como negar. Falar em liberalismo com a vida ganha é o mesmo que defender o ‘fique em casa’ sendo servidor publico.

  6. Primeiro há que se distinguir o debate eleitoral das platitudes ideologicas. Vermelhinhos, por exemplo, abrem a boca para destacar a fome e os altos preços dos alimentos. Só não falam como vão resolver o problema, simplesmente as mesmas ideias loucas de sempre. Perderiam votos.

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