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FEICOOP. Bancos comunitários mostram força da Economia Solidária e movimentam mais de R$ 1 bi

Evento que acaba neste domingo, em SM, também teve estande do E-Dinheiro

Prefeitura de Maricá, no interior do Rio de Janeiro, explicou na Feicoop como funciona o Banco Mumbuca (Foto Maiquel Rosauro)

Por Maiquel Rosauro / Da Assessoria de Imprensa dos eventos da Economia Solidária

A 28ª Feira Internacional do Cooperativismo (Feicoop) é uma grande vitrine das ações que estão proliferando na Economia Solidária. Nesta edição, destaque para o avanço dos Bancos Comunitários de Desenvolvimento (BCDs). Hoje, o Brasil possui 150 BCDs, sendo que dez foram criados por leis municipais e 140 pelas próprias comunidades. Apenas em 2021, essas instituições movimentaram em moeda social o equivalente a R$ 1,4 bilhão.

Uma moeda social equivale a R$ 1,00 e é restrita a um determinado bairro ou município. Esse é o seu grande diferencial, pois toda a riqueza gerada pela circulação da moeda é reinvestida no próprio território, gerando a criação de uma rede solidária de comércios locais. Há também a possibilidade de câmbio (trocar a moeda social por reais).

Uma das experiências apresentadas na Feicoop é a do Banco Mumbuca, de Maricá/RJ, que foi criado em 2013 pela Prefeitura do município fluminense. Conforme a diretora-presidente, Manuela Mello, a ideia inicial era criar um benefício de renda mínima para os munícipes, já que o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) era muito baixo e, ao mesmo tempo, fazer com que o dinheiro girasse no município, o que antes não ocorria por Maricá ser uma cidade-dormitório, localizada a apenas 60 km da capital, onde as pessoas trabalhavam e gastavam seus recursos.

“O prefeito à época, Washington Quaquá (PT), conheceu a iniciativa do Banco Palmas, que foi o primeiro banco comunitário do país. Ele foi até Fortaleza, buscou essa tecnologia e a levou para Maricá. Somos o primeiro banco comunitário a surgir através de uma Lei Orgânica do Município, que é a Lei 2448/2013, que prevê não só a criação do banco e do benefício de renda mínima, mas toda a política de Economia Solidária, combate à pobreza e desenvolvimento econômico do município”, explica Manuela.

O Banco Mumbuca já surgiu digital, a partir de um cartão magnético. Em 2017, quando a Rede Brasileira de Bancos Comunitários se consolidou e criou a plataforma E-Dinheiro Social, a instituição aderiu à novidade.

Nos últimos quatro anos, o Banco Mumbuca movimentou R$ 2 bilhões e, no mesmo período, emprestou R$ 1,5 milhão com juros zero ou muito baixo, beneficiando mais de mil famílias e pequenos negócios. A instituição possui mais de 65 mil clientes e 12,5 mil comércios credenciados. 

“Nenhuma das contas tem taxa de manutenção ou de anuidade. A única taxação que existe é a de utilização da moeda que é de 2%. As outras bandeiras de cartão variam de 3% a 8%. E nossa maior taxação de juros é de 1%, em relação ao crédito”, relata Manuela.

O primeiro desafio enfrentado, segundo a gestora, foi conscientizar a população de que o benefício não acabaria ao final da gestão Quaquá. E o segundo obstáculo foi uma questão prática: explicar para as pessoas que a moeda social digital não é o Real e não é papel moeda, mas tem valor de mercado e possui poder aquisitivo. Ao mesmo tempo, também foi preciso criar uma rede de comércio que aceitasse trabalhar com a Moeda Mumbuca.

“Hoje, é o melhor dos mundos. Somos procurados pelos empreendimentos, não vamos mais bater de porta em porta buscando por eles”, comenta.

É a segunda vez que a diretora-presidente do Banco Mumbuca participa da Feicoop. Na feira, seu objetivo é debater o fortalecimento da Economia Solidária.

Estande da plataforma E-Dinheiro, na 28ª edição da Feicoop (Foto Maiquel Rosauro)

“A gente troca muita figurinha na Feicoop, gostamos de vir porque conhecemos experiências e mostramos a nossa. E isso é muito importante para a manutenção de toda a política. É preciso ter diálogo”, finaliza Manuela, que foi uma das palestrantes do painel “Maricá, Cidade Solidária! Onde uma nova economia acontece”, na tarde de sábado (17).

Quem também está presente na feira é a plataforma E-dinheiro, que possui um estande institucional próximo ao espaço da Prefeitura de Maricá. O diretor adjunto de crédito do Instituto E-dinheiro, Rodrigo Melo, de Fortaleza, relata que o sistema acompanha a evolução da tecnologia.

“Na Feicoop estamos lançando o PIX na plataforma do E-dinheiro, que é mais uma vantagem para quem utiliza a moeda social digital”, anuncia Melo.

A plataforma E-dinheiro é um sistema que inclui aplicativo e internet banking, o qual fornece serviços bancários na sua maioria gratuitos. Além dos meios digitais, a conta está disponível também via cartão. Os usuários podem pagar contas, fazer compras, recarregar o celular pré-pago, tudo pelo celular ou pelo site do sistema.

Feicoop
A 28ª Feicoop teve início sexta-feira (15), no Centro de Referência de Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter, em Santa Maria, e está encerrando neste domingo (17). A entrada é gratuita.

Comércio justo e consumo ético e solidário
A feira diferencia-se pela realização de práticas do comércio justo e consumo ético e solidário, trocas solidárias com moeda social e atividades de formação e interação. Não há consumo de cigarros e bebidas alcoólicas (vinhos e cervejas artesanais vendidos na Feira não devem ser consumidos no local) e a água não é comercializada durante o evento. A Economia Solidária entende que a água é um bem universal e um patrimônio da humanidade (são disponibilizados bebedouros com água filtrada nos pavilhões da feira).

Refrigerantes também não são vendidos. Os produtos oferecidos na Feicoop são de procedência ecológica. A organização do evento trabalha com a teoria e a prática, articulando campo, cidade e as diferentes culturas e etnias.

A feira
A 28ª Feicoop é promovida pelo Projeto Esperança/Cooesperança, braço da Arquidiocese de Santa Maria; Prefeitura Municipal de Santa Maria; Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e Instituto Federal Farroupilha (IFFar).

Para realizar um evento desse porte, a Feicoop tem auxílio de, aproximadamente, R$ 450 mil em emendas impositivas que chegam por meio da Prefeitura. A destinação vem dos deputados federais Paulo Pimenta (PT) e Elvino Bohn Gass (PT), e dos vereadores santa-marienses Valdir Oliveira (PT), Maria Rita Py Dutra (PCdoB), Ricardo Blattes (PT), Paulo Ricardo Pedroso (PSB), Getúlio de Vargas (Republicanos) e Tubias Calil (MDB). As emendas dos vereadores somam R$ 102.927,92.

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