Reforma Política. Discórdia é total. No fundo (e no raso também), ninguém quer mudar nada
Ficará para a semana que vem, se for o caso, na Câmara dos Deputados, a votação da reforma política. A idéia, anunciada pelo presidente Arlindo Chinaglia (PT), após reunião dos líderes partidários, na terça-feira, era começar a votação nesta quarta. Até mesmo os relatores foram escolhidos: o petista gaúcho Pepe Vargas e o demista goiano Ronaldo Caiado.
Cinco itens foram priorizados, por acordo das lideranças: votação em listas pré-ordenadas (e não mais no nome do candidato) pelos partidos, financiamento público das campanhas, fidelidade partidária, fim das coligações em pleitos proporcionais e extinção do instituto da reeleição (pelo menos para Presidente da República).
Era essa, a do parágrafo anterior, a ordem de votação, inclusive. Agora, como se poderia esperar, a discórdia foi tamanha, no interior e entre os partidos, que simplesmente ninguém conseguiu se entender. E isso logo no primeiro item, o que trata das listas pré-ordenadas. Discutiu-se manhã inteira, tarde e parte da noite. E nada. Houve até uma proposta de acabar com a discussão – que foi derrotada em plenário.
Em todo caso, o adiamento foi decidido. E, cá entre nós (que até já escrevemos sobre isso por aqui), no fundo (e no raso também), os parlamentares, feitas as devidas exceções, querem mesmo é que tudo continue como está. E preferem, se possível, nada votar para não ver suas posições cobradas pela sociedade. O resto é conversa mole.
Ah, só tem um detalhe: pelo menos na fidelidade partidária os deputados terão que mexer. Certamente para pelo menos regularizar a bagunça de hoje. Do contrário, quem vai tratar do tema, e sem muitas delongas, é o Judiciário. Pode anotar.
OPINIÃO CLAUDEMIRIANA: ficar em cima do muro não é muito a desta (nem sempre) humilde página de internet. Portanto, fique o leitor sabendo, e desde já respeitando todas as opiniões em contrário, que sou amplamente favorável ao voto em lista (não acredito em democracia sem partidos fortes – e acho que a mobilização interna, em algum momento, acabará com o alegado caciquismo) e ao financiamento público de campanhas (aparentemente mais caro, muito mais será se continuar como está, com os interesses nem sempre limpos dos financiadores como a Operação Navalha se incumbiu de demonstrar, mesmo pegando apenas uma empresa).
Nem preciso dizer (ou preciso?) que a fidelidade partidária é fundamental. E tem que ser rígida o suficiente para inibir a troca pela troca. Ou seja: quem mudar de sigla tem que provar, meeeeeesmo, convicção ideológica.
Sou contra o fim da reeleição (e os motivos você encontra na nota que publiquei em 14 de abril passado). E, pelas mesmas razões que defendo as listas pré-ordenadas, sou favorável inteiramente ao fim das coligações para os pleitos proporcionais. Ponto. Para o que der e vier.
SUGESTÕES DE LEITURA – confira aqui a reportagem Câmara: reforma política é adiada novamente, de Maria Clara Cabral, da sucursal de Brasília do portal Terra.
E, para arrematar, leia também a notícia Dividida sobre voto em lista, Câmara adia votação da reforma política, de Gabriela Guerreiro, repórter da sucursal de Brasília da Folha Online.
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