“Cansei de ver bandido ser solto porque as provas coletadas pelos policiais militares foram mal aproveitadas no inquérito da Polícia Civil. As picuinhas entre as duas corporações nos impediram de ajudar mais na investigação”. Quem diz isso? Um PM paulista.
“Cansei de ver casos em que a PM prende, acusa e julga um traficante e quer que nós, policiais civis, acreditemos na versão deles. Isso não pode continuar. A desconfiança tem de acabar”. Quem afirma? Um policial civil do Mato Grosso.
Opiniões como essas – e também outras, de especialistas e quetais – são cada vez mais comuns e levam a um debate interessante, real e que está acontecendo, não obstante a falta de apoio oficial: o fim da organização militar das polícias, o que inclui uma série de outras instituições do setor. E isso rendeu um interessante material produzido e publicado na versão brasileira do jornal espanhol El País. Vale conferir a reportagem de Afonso Benites. A foto é de reprodução. A seguir:
“Os policiais brasileiros querem desmilitarizar a instituição
Marcos é um policial militar de São Paulo. Adriano é policial federal no Rio Grande do Sul. E Gilson atua na Polícia Civil de Mato Grosso. Apesar de trabalharem em instituições e Estados diferentes, os três fazem parte de um grupo que até então não tinha dado as caras na segurança pública brasileira, o de agentes insatisfeitos com o atual modelo de policiamento e que defendem a desmilitarização da polícia brasileira.
Uma pesquisa divulgada em São Paulo, nesta quarta-feira, pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostra que 73,7% dos policiais brasileiros são a favor da desvinculação da polícia dos meios militares. Até a maioria dos policiais militares (76,3%) querem a desmilitarização da corporação. Quase a metade do total dos que querem as mudanças se concentra entre duas propostas: 21,8% defendem que a PM e a Polícia Civil se unifiquem formando uma instituição de ciclo completo e 27,1% quer a criação de uma nova polícia com carreira única.
Na prática isso quer dizer que os policiais do Brasil querem uma reestruturação de suas carreiras para aperfeiçoar o combate ao crime e acabar com as brigas internas entre as corporações. “Cansei de ver bandido ser solto porque as provas coletadas pelos policiais militares foram mal aproveitadas no inquérito da Polícia Civil. As picuinhas entre as duas corporações nos impediram de ajudar mais na investigação”, reclama o PM Marcos.
“Cansei de ver casos em que a PM prende, acusa e julga um traficante e quer que nós, policiais civis, acreditemos na versão deles. Isso não pode continuar. A desconfiança tem de acabar”, acrescenta o policial Gilson…”
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El País edição tupiniquim.
Dois motivos para a discussão: ideológico (um bando de sociólogos de esquerda que fazem segurança no gabinete com estatísticas duvidosas) e salarial. Implantando o sistema anglo-saxão os policiais poderão fazer greve e entrar "soldados" e terminar a carreira como "coronéis". Com muita política e pouco mérito no meio.
A polícia que reprimiu os tumultos de 68 era civil. Ainda existe, são as Companhias Republicanas de Segurança. Parte dos oficiais da gendarmeria francesa ainda são formados na mesma academia que forma os oficiais do exército. Os carabinieri italianos são parte das forças armadas.
A "desmilitarização" é uma medida marketeira/cosmética do ponto de vista da população. Não irá ocorrer uma demissão em massa, logo as pessoas continuarão as mesmas. A "força pública" que realizar o policiamento ostensivo ainda terá que usar uniforme e terá hierarquia. Os "detetives" das polícias americanas são "sargentos". A perspectiva é gastar um monte de dinheiro numa medida inócua.