DO FEICEBUQUI. A perda da ‘leidi’ das letras. E a honestidade dos amigos do editor: tucanos e petistas
O editor tem publicado observações curtas no seu perfil do Feicebuqui que, nem sempre, são objeto de notas aqui no sítio. Então, eventualmente os reproduzirá também para o público daqui. Como são os casos desses textos, que foram postados na rede social nas últimas horas:
MEUS AMIGOS PETISTAS E TUCANOS SÃO HONESTOS.
Não sei se rio ou se choro, metaforicamente, ao ler tantas agressões.
Rio porque acho graça, às vezes, da forma absurda como uns atacam outros, por suas posições políticas em relação a temas do momento.
E choro porque, afinal de contas, fico a pensar: onde querem chegar aqueles que dizem que “todos os petistas” são desonestos. Ou que os “tucanos” não valem nada.
Simplesmente me ofendo por ambos. Tenho inúmeros amigos petistas. E outro tanto de tucanos. Convivo muito bem com as diferenças. E nenhum deles é desonesto. Pelo contrário, acreditam nas suas ideias e as defendem, com hombridade. E não como celerados do Feicebuqui – que é como passarei a denominar agora todos os que passam da linha que eu próprio delimitei como máximo aceitável para a crítica.
Fico a imaginar qual o preço da fúria “assassina” de que são tomados conhecidos meus, alguns deles com benesses inequívocas (bolsas, por exemplo, que também estão disponíveis para a classe média) do poder que hoje combatem com sanha que os tornam irreconhecíveis?
Dois efeitos posso identificar de pronto: perda de clientes, no caso de empresários; e perda de amigos outrora queridos, no caso dos demais.
PERGUNTO: VALE A PENA TAMANHA INSANIDADE?
Toca o telefone: “Claudemir, fiz uma pesquisa. Juro pra ti, procurei em todos os dicionários, mas não encontrei. Vou continuar procurando, mas a expressão ‘inobstante’, até onde eu sei, não existe”.
Ela demorou meses, antes de me corrigir, com essa forma doce de chamar a gente de burrinho. Sim, sou um burrinho confesso, e usava às pencas a expressão “inobstante”. O correto era “não obstante”. – Foi, Claudemir, a única expressão parecida que achei.
Não sei o que pensava dessa minha mania de aportuguesar palavras oriundas do idioma de Sheiquespir. Talvez detestasse. Ou não. Preferi não perguntar, que ela me dava essas liberdades. Mas nunca me corrigiu.
Ela, no caso, é a pessoa que tratava a língua portuguesa como ninguém. E era uma leidi. Ops, “Lady”.
Vai em paz, professora Ruth. Mas, saiba: fará muita falta. Não obstante uns e outros.
Português é uma língua muito difícil. É por isto que só uso um latim tosco. "Inobstante" já aparece em alguns dicionários, Aulete é um e parece que o Aurélio já incorporou o neologismo.
P.S.: Tem programa de rádio por aí que vou te contar, importa é a opinião, os fatos que se danem. Não deixa de ser engraçado. Os créditos na "fila" das falências pela ordem são: trabalhistas, com garantia real (bancos) e, se sobrar, os tributos. A fila é maior, mas quem receber é porque tem sorte. Lei mudou em 2005.
O editor se trai com muita facilidade: "…alguns deles com benesses inequívocas (bolsas, por exemplo, que também estão disponíveis para a classe média) do poder…". O Estado não é patrimônio desta gente que está no poder, apesar deles pensarem de forma diferente. A classe média (que paga muitos impostos e contribuições) tampouco é composta de cidadãos de segunda categoria. Não existe um sistema de castas baseado em posição social no Brasil. Logo, as benesses e bolsas são obrigações e não favores ou presentes. A menos que sejam indevidas e/ou ilegais. Além disto, o fato do governo acertar nos programas sociais não garante o direito de errar em todos os outros setores.
Finalmente, benesses, bolsas, programas sociais, o que seja, não cassam os direitos políticos das pessoas. Elas podem protestar quando e onde quiserem. Não são ossos que se jogam para os cachorros pararem de latir.
A professora Ruth, no sentido figurado, era como uma fiel ativista de alguma ONG imaginária que visava defender e preservar a nossa tão maltratada lingua portuguesa.Que esteja em paz.