Na Espanha. Lula recebe prêmio inédito, mas a mídia grandona fez de conta que não aconteceu

Não sei por que há os que ainda se surpreendem. Mas é evidente o preconceito, de um lado, e o medo, do outro. Já imaginaram se “o cara” recebe mesmo o Prêmio Nobel? Impossível? Pode ser. Talvez seja. Provavelmente não acontecerá. Mas… E se acontecer? Como se comportará, diante dessa situação, a mídia grandona brasileira?

 

Provavelmente, o repórter ousa afirmar, de forma diferente da ocorrida nesta quarta-feira. No dia anterior, o Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu um prêmio que nenhum outro brasileiro jamais obteve. E que, deve ser coincidência, foi entregue, por exemplo, a figuras que, logo depois, levaram para casa também o Nobel.

 

Quem ficou brabo com o comportamento da mídia grandona – só um dos jornalões, O Globo, colocou chamada de capa; os demais esconderam o assunto – foi Ricardo Kotscho, na coluna eletrônica que mantém na internet. A foto (do discurso presidencial em território espanhol) é de Ricardo Stuckert. Acompanhe:

 

“Prêmio de Lula orgulha o país, mas imprensa esconde

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu ontem à noite, em Paris, o prêmio Félix Houphouët-Boigny concedido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura). Presidido por Henry Kissinger, ex-secretário de Estado dos Estados Unidos, o júri premiou Lula “por sua atuação na promoção da paz e da igualdade de direitos”. 

Não é um premiozinho qualquer. Entre as 23 personalidades mundiais que receberam o prêmio até hoje – anteriormente nenhum deles brasileiro – , estão Nelson Mandela, ex-presidente da África do Sul, Yitzhak Rabin, ex-premiê israelense, Yasser Arafat, ex-presidente da Autoridade Nacional Palestina, e Jimmy Carter, ex-presidente dos Estados Unidos.

Secretário-executivo do prêmio, Alioune Traoré lembrou durante a cerimonia na sede da Unesco que um terço dos vencedores anteriores ganhou depois o Prêmio Nobel da Paz. Pode-se imaginar no Brasil o trauma que isto causaria a certos setores políticos e da mídia caso o mesmo aconteça com Lula. Thaoré disse a Lula que, ao receber este prêmio, “o senhor assume novas responsabilidades na história”.

Mas nada disso foi capaz de comover os editores dos dois jornalões paulistas, Folha e Estadão, que simplesmente ignoraram o fato em suas primeiras páginas. Dos três grandes jornais nacionais, apenas O Globo destacou a entrega do prêmio no alto da capa.

Para o Estadão, mais importante do que o prêmio recebido por Lula foi a manifestão de dois ativistas do Greenpeace que exibiram faixas conclamando Lula a salvar a Amazônia e o clima. “Ambientalistas protestam durante premiação de Lula”, foi o título da página A7 do Estadão.

O protesto do Greenpeace foi também o tema das únicas fotografias publicadas pela Folha e pelo Estadão. No final do texto, o Estadão registrou que Lula pediu desculpas aos jovens ativistas, retirados com truculência pela segurança, e “reverteu o constragimento a seu favor, sendo ovacionado pelo público que lotava o auditório”.

“O alerta destes jovens vale para todos nós, porque a Amazônia tem que ser realmente preservada”, afirmou Lula em seu discurso, ao longo do qual foi aplaudido três vezes quando pediu o fim do embargo…”

PARA LER A ÍNTEGRA, CLIQUE AQUI.

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui, se desejar, também outros textos publicados pelo jornalista Ricardo Kotscho.