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CRÔNICA. Zé Lotes, o repórter ingênuo: acreditava que o seu editor publicaria a “bomba” que descobriu

O portal R7, do Grupo Record, é o único, até onde vai a pesquisa do editor, que tem um local específico em que trata da Zelotes, a superoperação da Polícia Federal e do Ministério Público, que a mídia tradicional, quando trata, o faz de soslaio ou nota de rodapé. A última informação do R7, mesmo, foi PUBLICADA  há 20 dias.

É aquela que está atrás de grandes sonegadores e que tem entre os suspeitos grupos gaúchos bastante conhecidos – daí o que seria um óbvio (mas inexistente, como regra) interesse regional. Assim é que, embora se trate de bilhões que escorreram pelo ralo da corrupção, e que, dizem, deve ter loguinho os primeiros denunciados, precisa procurar muito para achar alguma coisa.

Mais que isso, às vezes se usa até metáfora para trazer alguma coisa para o distinto público. Uma delas vem pelo talentoso Juremir Machado, do Correio do Povo. Acompanhe. E divirta-se. Se você não for.. bem, deixa pra lá e confira:

Aventuras de Zé Lotes, repórter da Rede Baita Sol

O mais novo repórter da Rede Baita Sol, de Palomas, é o Zé Lotes. Recém-contratado para atuar em todos os veículos da empresa, Rádio Gaudéria, Diário Gaudério, TV Gaudéria e jornal Meia-Noite, por falta de luz, Zé Lotes paga mico pelo seu idealismo e pela sua ingenuidade. Sonha com grandes manchetes, “furos” de repercussão internacional e reportagens capazes de derrubar um presidente. Leu tudo sobre os jornalistas do caso Watergate. Zé Lotes é puro entusiasmo. Sente-se um missionário da verdade e da informação. Outro dia, chegou esbaforido à redação e quase gritou “parem as máquinas”.

– Tenho uma bomba – disse.

– Quem bomba é essa? – inquietou-se o chefe.

– Uma mega-bomba.

– Já te disse para evitar superlativos. Objetividade, piá. Que bomba é essa?

– Uma operação…

– Ai, ai, ai. Que operação?

– Propina para pagar menos impostos de grandes empresas.

– Esquece, Zé Lotes. Sepulta.

– Como?

– Sonega.

– Sim, é disso que estou falando, sonegação.

– Esquece. Deleta.

– Mas é verdade!

– Só nega, guri.

Zé Lotes coçou a cabeça, ficou vermelho, gaguejou por segundos intermináveis. Parecia à beira de uma apoplexia. O chefe permaneceu impassível. Limpava uma unha minuciosamente.

– Como fica o nosso compromisso de dizer a verdade?

– Diz uma parte.

– Que parte?

– Dez por cento.

O guri engasgou. Ficou olhando para o chefe como se acabasse de ter perdido a virgindade. Depois de algum tempo, a cor voltou ao seu rosto. Aí ele falou bem baixinho.

– O senhor tem certeza?

– Não me chame de senhor. Sou o Chuck.

– Chuck?

– Não te mostraram na faculdade A montanha dos sete abutres?

– Sim, mostraram, com o Kirk Douglas. Mas o Chuck era um canalha.

– Depende do ponto de vista.

– Sério?

– Como a sonegação.

– Sério mesmo?

– Na Rede Baita Sol, achamos que sonegar é um ato de legítima defesa. Entregar dinheiro para o governo é burrice. O retorno é muito baixo. Precisamos nos defender desse roubo.

– Inclusive sonegar informação, Chuck? – atreveu-se Zé Lotes.

– Chamamos isso de seleção.

Zé Lotes voltou para casa totalmente desasado. Entrou no pequeno apartamento, dividido com o amigo Lava-Jato, frentista num posto de gasolina, arrastando dolorosamente os pés, meio descadeirado, como se estivesse com um pneu furado. Lavo-Jato tomou um susto.

– Até parece que te pegaram por trás, Zé Lotes.

– Foi. Sem lubrificante.”

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2 Comentários

  1. Juremir Machado só para o pessoal do time dele. Quando Lira Neto lançou o primeiro volume da biografia de Getúlio (baita livro), Juremir escreveu coluna desqualificando. Coincidentemente o porto-alegrense também escreveu livro sobre o mesmo assunto.

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