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Debate. Sedufsm mostra filme e mais de 100 discutem Chávez e a situação da Venezuela

Enfim, aconteceu. Foi nesta segunda-feira que mais de uma centena de pessoas debateram a situação da Venezuela. Um tema que, noves fora a ideologização, tem tudo para servir de pano de fundo na discussão da própria democracia.

 

Eu próprio já levei algumas chineladas por imaginar que nem tudo o que se diz e escreve sobre o país de Hugo Chávez é assim tão definitivo quanto quer fazer crer a nossa mídia grandona (e também a que se acha).

 

Confira, no texto de Adriana Garcia, da assessoria de imprensa da Seção Sindical dos Docentes, o que aconteceu no debate proposto pelo já tradicional evento “Cultura na Sedufsm”. A seguir:

 

“Da revolução ao golpe: filme sobre Chávez debatido na SEDUFSM

 

Instantes decisivos do movimento golpista frustrado pela reação popular. Esse é o enredo que mostra os momentos anteriores ao golpe contra Hugo Chávez, presidente da Venezuela, ocorrido em 2002, até a reposição de seu poder. Os fatos são apresentados conforme a visão de dois irlandeses, Kim Bartley e Donnacha 0´Briain, no documentário “A Revolução não será televisionada”, produzido em 2003, cuja duração é de 76 minutos.

O tema polêmico atraiu um público de mais de 100 pessoas, que estiveram presentes na noite desta segunda, 23, no auditório da Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Santa Maria (SEDUFSM). Após a exibição do filme, houve um debate com os professores do curso de Jornalismo da UFSM, Márcia Franz Amaral e do curso de Direito da UFSM, Elvandir José da Costa, também o editor chefe do jornal A Razão, José Mauro Batista. A mesa foi coordenada pelo jornalista e assessor de imprensa do sindicato, Fritz Rivail Fernandes Nunes.

Márcia Franz Amaral começou a explanação afirmando que o documentário continua atual, apesar de ter sido lançado em 2003, pois a idolatria do povo venezuelano a Hugo Chávez persiste, mesmo depois do presidente colocar isso em prova, quando ocorreu o referendo, em 2004, em que ele foi escolhido com quase 60% dos votos. De acordo com a professora, o golpe de estado se deu em conseqüência de uma “direita” muito organizada midiaticamente, composta essencialmente por canais privados. Ela explicou que depois do golpe, o governo daquele país precisava de uma política de comunicação forte, em parte pelo fato de, segundo ela, haver uma disputa na representação do presidente venezuelano. Enquanto para uma maioria da sociedade, formada por mestiços, Chávez representa uma espécie de “pai dos pobres”, para uma minoria, representada pela elite branca, ele é tão somente um ditador com tendências facistas e que se notabiliza pela amizade com o cubano Fidel Castro.

“O povo é como boi, não sabe a força que tem”, afirma o advogado, Elvandir José da Costa, em referência aos movimentos populares que levaram Hugo Chávez de volta ao poder após 48h aprisionado em um quartel militar. Para Costa, que é professor da UFSM e da Ulbra, até que seria importante ter uma televisão de “direita”, porque serviria como fiscalizadora das ações do governo. Mas, não com atitudes golpistas, com interesses voltados meramente para a idéia capitalista e pró-americanos, pela fonte de petróleo que representa a região da Venezuela.

Sobre a veiculação dos meios de comunicação, o professor faz uma diferenciação entre liberdade de imprensa e liberdade da empresa jornalística. Para ele, a liberdade que se fala na democracia é aquela em que a sociedade tem o direito de saber, ser informada, sem censura. Outra coisa é a liberdade de a empresa fazer o que quiser, inclusive distorcer e manipular as notícias.

José Mauro Batista, editor de A Razão, destacou que o documentário não apresentava uma “edição pura”. Para ele, o apoio dos veículos foi o que possibilitou o golpe. Mas em contrapartida, Hugo Chávez conservava interesses, dentro dos seus traços de “ditador” estabeleceu normas e tentava controlar o país a seu modo. De acordo com Batista, a Venezuela não tem veículos democráticos e com compromisso social. Também a visão é limitada a partir da própria cultura desse povo.

INSTRUMENTO DO GOLPE – No caso da Venezuela, os meios de comunicação atacaram de forma tosca o governo, segundo a professora Márcia Franz Amaral e defenderam seus próprios interesses, no caso, explicitados pelas mudanças que o presidente Chávez fez na direção da empresa estatal de petróleo, a PDVSA. Para ilustrar essa disputa econômica e política, ela lembra que no dia seguinte ao golpe, os comentaristas das redes de TV privadas comemoravam abertamente a destituição do presidente. Por outro lado, no dia após a restituição de Chávez, somente um jornal noticiou o fato. Para Márcia, a cassação dos direitos de transmissão da RCTV foi em decorrência de irregularidades de diversas naturezas, que estão previstas na Constituição e não uma retaliação de Chávez. Equivalente a isso, ela esclarece que os meios de comunicação estão sempre tensionados e há predominância do jogo dos poderes. “É preciso transpôr o poder da mídia para o poder da sociedade, com a participação política”, afirmou a docente da UFSM.”
 

SUGESTÃO DE LEITURA – clique aqui, se desejar outras notas produzidas pela assessoria de imprensa da  Sedufsm.

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