A mudança. Romero e os riscos calculados da sua saída do PDT, partido pelo qual se elegeu
Então, é isso. Isaias Romero não é mais vereador do PDT, partido pelo qual se elegeu (aliás, se reelegeu) em 2004. O anúncio, feito pelo próprio, se deu ontem à tarde. Mas a decisão, como você sabe há exatos 14 dias (confira aqui), já estava pra lá de tomada. E tem como ponto de partida a sua divergência óbvia com a direção partidária.
Na verdade, tudo começou mesmo antes do pleito passado. Era evidente a preferência do comando pedetista, que apostava na reeleição de Marcelo Bisogno e na eleição do ex-prefeito Osvaldo Nascimento da Silva. Sem qualquer apoio oficial, Romero atropelou na reta final e, com 2.056 votos (28 a mais que o primeiro e a apenas 24 do segundo) transformou-se, à revelia do PDT, no único edil da sigla.
A mágoa de Romero era evidente. Se com ou sem razão, a história dirá. Mas obviamente ele simplesmente passou a ignorar a orientação diretiva, decidindo tudo por sua própria cabeça. Inclusive, para citar um exemplo, o acordo com outros sete vereadores, entre eles os do PT, que o permitiu tornar-se, hoje, o presidente do Legislativo.
Tudo foi acumulando, de parte a parte. E o ápice se deu agora, com a decisão (não acatada por Romero, por convicção ou não) de o PDT unir-se à Frente Popular, na administração do município. E, claro, com aliança já definida para 2008. A postura romerista irritou de vez os dirigentes. E o caso foi para a Comissão de Ética, com a ameaça velada de punição máxima, a expulsão.
Romero se mandou antes. E vai para o PMDB, ainda que isso demore alguns dias, ou até meses – ele tem, se as regras eleitorais não se modificarem, até 30 de setembro para se filiar a uma sigla, caso decida concorrer, e é o caso, no próximo ano.
Quais os riscos de que padece Romero? E que ele, com sua assessoria, deve ter certamente calculado. Um é jurídico. Afinal, paira sobre todos os parlamentares (federais, estaduais ou municipais) a interpretação do Tribunal Superior Eleitoral, segundo o qual o mandato é do partido, não do candidato. A decisão final virá do Supremo Tribunal Federal. Se for mantido o que pensou, e disse, o TSE, Romero perderá o mandato. Poderá concorrer em 2008, mas assumirá seu suplente, agora. Parêntese: o do agora ex-pedetista é o mesmo caso de Anita Costa Beber (do PR, ex-PP), Ovídio Mayer (PTB, ex-PP) e Júlio Brenner (PSB, ex-PSDB).
É evidente que, com assessoria jurídico/política, Romero não crê na possibilidade de o STF referendar o TSE. Ou, quem sabe, uma mudança na lei, em tempo, poderá beneficiá-lo. Mas é um risco, por certo calculado. Se tudo der errado, imagina este (nem sempre) humilde repórter, o ex-pedetista passa a se colocar como vítima e vem com tudo em 2008, pelo PMDB.
E aí está o segundo risco, por certo calculado, de Isaias Romero. Ele já teve várias reuniões com peemedebistas. Inclusive com a bancada, como já informei. E ele próprio confirmou, em sua entrevista coletiva de ontem. E, por certo, porque pra bobo não serve, tem consciência da divisão dos próprios edis do PMDB. E mais: tem clareza que João Carlos Maciel é seu principal desafeto político no Legislativo. E passará a ser seu colega.
Como se dará a convivência? Ninguém sabe. Nem, talvez, o próprio Romero. Afinal, nem mesmo com Tubias Calil, com quem é afinado, Maciel concorda sempre. Sem falar em Cláudio Rosa e Magali Adriano, que correm em faixa própria. O que advirá disso? Não se sabe. Mas que há o risco de isolamento, não há dúvida.
Se bem que, convenhamos, mais isolado do que no PDT Romero não estará, com seus novos companheiros. E terá, isso é absolutamente certo, o apoio da atual direção do PMDB. Pelo menos até outubro, quando acontece a convenção.
O resto? O resto é nada. Ah, o PMDB passa a ter a maior bancada do Legislativo, quando Romero assinar a ficha. Mas nem isso é garantia de alguma coisa se o ex-pedetista mantiver sua postura em relação aos que compõem a Mesa Diretora da Câmara. Ele disse ser homem de palavra. E eu acredito. Mas, que ninguém se engane, os novos parceiros farão de tudo para que ele mude de idéia. O que é do jogo político, também.
EM TEMPO: O vereador João Carlos Maciel declarou ontem, na sessão da Câmara, segundo a notícia divulgada pela assessoria de imprensa do Legislativo, que “um jornalista plantou na internet, em coluna de opinião de jornal, que ele (Maciel) seria contra o ingresso de Romero no PMDB. Disse que nunca foi consultado sobre isto nem afirmou que é contrário à filiação do vereador no partido.”
Bem, não resta dúvida, o parlamentar mudou de idéia. Basta consultar as atas das sessoes. Se bem que houve uma, a da sessão de 27 de abril de 2005, que não retratou o que o parlamentar disse acerca deste (nem sempre) humilde jornalista. Que, como todos sabem, é o único a ter página de internet em Santa Maria. Mas ele tem, sim, o direito de mudar de idéia. Como todo mundo.
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