Arquivo

Distensão 2. Cláudio Lembo, do PFL, considera “bobagem” a proposta de “impeachment”

Está certo: Cláudio Lembo, haverá quem diga, não tem condições de falar, depois de ter acariciado verbalmente Lula, ainda antes do primeiro turno. E ter dado as mais variadas entrevistas, nunca escondendo a condição de amigo do Presidente, a quem, desde sempre, considerava favorito contra o seu próprio, e do PSDB, candidato à presidência, Geraldo Alckmin.

Ainda assim, no entanto, continua a ser uma personagem relevante na política nacional. Tanto quanto José Serra, por exemplo. Afinal, ele, como o tucano fará a partir de janeiro, governa o estado mais rico do País, São Paulo. Não, não é pouca coisa.

Então, que tal ler o que ele disse, em longa entrevista ao jornalista Paulo Henrique Amorim, editor da página Conversa Afiada, alojada na internet. Inclusive ressuscitou a velha (ou morta?) UDN, partido reacionário que fazia, nos anos 50 e 60, ao PTB, por exemplo. Vale a pena conferir:

”LEMBO: “IMPEACHMENT É BOBAGEM”

O governador de São Paulo, Cláudio Lembo, disse em entrevista a Paulo Henrique Amorim nesta quarta-feira, dia 01, que não há a possibilidade de a oposição partir para um movimento de impeachement contra o presidente Lula. “Isso é bobagem. Impeachment por quê? O presidente Lula está fora de qualquer problema”, disse o governador.

Segundo o governador, que é do PFL (partido aliado do PSDB na última eleição), o PSDB tem traços udenistas . “O PSDB tem tudo de UDN e está aí o problema”, disse Lembo.

A UDN foi um dos partidos determinantes da política brasileira entre as décadas de 40 e 60, de caráter fortemente conservador. Carlos Lacerda foi um dos principais expoentes da UDN. O partido passou a maior parte de sua vida na oposição com um discurso caracterizado pelo moralismo. “A UDN era um partido de pequenos e estreitos segmentos da sociedade”, explicou Cláudio Lembo.

O governador de São Paulo disse que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso contribui para que o PSDB tenha as características da UDN. “Ele contribui muito, foi ele quem lembrou a imagem de Carlos Lacerda. E só lembra a imagem de Carlos Lacerda quem tem na alma um espírito udenista”, disse Lembo.

Segundo Cláudio Lembo, Geraldo Alckmin, que disputou a presidência pelo PSDB também tem traços udenistas.

Para Lembo, a oposição, tanto o PFL quanto o PSDB, devem “atravessar a rua” e dialogar com o presidente Lula. “PSDB e PFL devem atravessar a rua e dialogar com o presidente. O Brasil é maior do que as situações transitórias e o embate político”, defendeu Cláudio Lembo…

Paulo Henrique Amorim: A primeira coisa que eu gostaria que o senhor nos ajudasse a entender é o que significa essa vitória do presidente Lula com essa margem que o New York Times chamou de esmagadora.
Cláudio Lembo: Eu creio que é muito simples, Paulo Henrique, está clara a motivação: é a onda social que corre todo o mundo. Se toda a gente defendeu a necessidade de uma mudança visando aspectos sociais da vida, nós não podíamos aqui no Brasil estar diferentes. Ganha o banqueiro dos pobres, o Yunus, ganha por toda parte a necessidade de uma cláusula nos contratos internacionais social. Por que o Lula não ganharia se ele tem essa mensagem, esse discurso? Eu acho que a vitória do presidente Lula é uma coisa absolutamente clara, nítida e precisa. A UDN foi vencida pelo PSD urbano.

Paulo Henrique Amorim: PSD ou PTB?
Cláudio Lembo: O PTB era um partidinho, agora, o PSD era um partidão. E ele sempre ganhava as eleições com seus candidatos: Juscelino Kubitschek, Tancredo Neves, e assim vai. E o Lula, no fundo, conseguiu captar essa vontade urbana, muito presente no Brasil, em que 70% vivem em áreas urbanas.

Paulo Henrique Amorim: E por que não foi possível a oposição colar no presidente Lula a questão das denúncias de corrupção, dossiê, mensalão, isso tudo?
Cláudio Lembo: Esse é um problema muito interessante que teria que se analisar com mais profundidade, o aspecto ético não foi levado a sério. Talvez a diminuição da classe média, talvez uma visão mais pragmática da sociedade. Todas essas situações eram marginais ao governo, não era o presidente Lula. Eram figuras amiga ou próximas, ou até longínquas da estrutura do PT. Talvez isso… a sociedade fez uma reflexão muito mais inteligente que as elites acadêmicas.

Paulo Henrique Amorim: Por que o senhor chama a oposição de UDN? O senhor se inclui nisso, o PFL e o PSDB?
Cláudio Lembo: Eu acho que o PFL nem seria a UDN. Eu diria que o PFL é hoje um partido conservador sem a coragem de ser. Tem que deixar claro que é conservador. Eu digo firmemente: é preciso ter um partido conservador no Brasil. E o PSDB é uma UDN, isso é inevitável. Depois de oito meses aqui dentro como governador e quatro anos como vice eu tive um contato direto, e tem tudo de UDN o PSDB e está aí o grande problema…”


SE DESEJAR ler a íntegra do artigo, pode fazê-lo acessando a página Conversa Afiada, no endereço http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/398001-398500/398006/398006_1.html.

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo