Arquivo

Rondinel e os “mistérios das tarifas de ônibus”

Publicado na edição deste final de semana do jornal Diário de Santa Maria, é republicado aqui, a seguir, com a autorização do autor, o artigo do Economista e Professor da UFSM Ricardo Rondinel. Ele, que integra o Conselho Municipal de Transportes, provocou grande polêmica – sendo provavelmente o responsável pelo desdobramento que levou à manutenção (ainda que provisória) da tarifa de ônibus ubano em Santa Maria em R$ 1,60.

O espaço para a polêmica questão está mantido neste site. Tanto que foi solicitado artigo a respeito, com a posição das empresas, ao presidente da Associação dos Trabalhadores Urbanos, Edmilson Gabardo, e da Prefeitura, em contato feito com o assessor de imprensa do Gabinete do Prefeito, Tiago Machado. Solicitações feitas na última terça-feira. Até agora, ainda não foram entregues. O editor segue à espera.

Com a palavra, então, Ricardo Rondinel:

”Os mistérios das tarifas de ônibus

A concepção teórica do modelo de passagem única está na Microeconomia. Uma passagem única não é mais do que um custo médio. Este resulta da divisão do custo total, que inclui o lucro do empresário pelo número de passageiros transportados. Para que a Passagem Única funcione é necessário que exista uma Câmara de Compensação Tarifária. Por quê? Elementar meu caro Watson, diria Sherlock Holmes. A passagem em Santa Maria é de R$1,60 – esse seria o custo médio. Entretanto, enquanto algumas empresas de ônibus teriam custos maiores que esse custo médio, outras poderiam ter custos menores. Com isto, as empresas que têm custos menores, lucrariam mais, e que as têm custos maiores teriam prejuízos. Para evitar isso, a Câmara de Compensação deveria ser criada, o que pressupõe solidariedade e confiança entre os empresários.

Perguntaria a Holmes: por que não teriam quebrado, ainda, as empresas de custos maiores se não há Câmara de Compensação Tarifária na cidade? Ele não soube responder, mas apontou algumas pistas. O leitor pode seguí-las. A novela começou com o pedido das empresas de um reajuste de 25% na passagem, passando a R$ 2,00. Percentual elevado para a inflação de 2% ocorrida, segundo a Fundação Getúlio Vargas, entre dez/04 e mar/06. A Prefeitura encaminhou um estudo com uma passagem de R$1,80. Designado como relator do caso, investiguei e, com ajuda de Mr. Holmes, cheguei à conclusão de que o valor da passagem de R$1,60 poderia ser mantido. Defendi isso no Conselho de Transportes.

A primeira pista, caro leitor, veio com a proposta de novo valor apresentada pelas próprias empresas – R$1,82 – por ocasião do pedido de vistas das empresas concessionárias. Ela se confirmou quando o Senhor Prefeito manteve o valor de R$ 1,60 – mas reafirmou que “rigorosamente custa R$1,80”. Bom, se há “confiança absoluta” que custa R$1,80 – por que então fixar em R$1,60?

Concluindo: entre dezembro/02 e março/06, se aprovada a passagem de R$1,80 a passagem teria subido 60%. Nesse mesmo período os custos operacionais do sistema subiram em 25%. Onde estaria a diferença? Elementar, de novo, diria Mr. Holmes a seu caro Watson. Houve queda da produtividade do sistema em 23%. A responsabilidade não é das empresas e sim do operador do sistema, que é a Prefeitura.”

Artigos relacionados

ATENÇÃO


1) Sua opinião é importante. Opine! Mas, atenção: respeite as opiniões dos outros, quaisquer que sejam.

2) Fique no tema proposto pelo post, e argumente em torno dele.

3) Ofensas são terminantemente proibidas. Inclusive em relação aos autores do texto comentado, o que inclui o editor.

4) Não se utilize de letras maiúsculas (CAIXA ALTA). No mundo virtual, isso é grito. E grito não é argumento. Nunca.

5) Não esqueça: você tem responsabilidade legal pelo que escrever. Mesmo anônimo (o que o editor aceita), seu IP é identificado. E, portanto, uma ordem JUDICIAL pode obrigar o editor a divulgá-lo. Assim, comentários considerados inadequados serão vetados.


OBSERVAÇÃO FINAL:


A CP & S Comunicações Ltda é a proprietária do site. É uma empresa privada. Não é, portanto, concessão pública e, assim, tem direito legal e absoluto para aceitar ou rejeitar comentários.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo