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Eleições 2006. De onde vêm os milhões da campanha presidencial. E quem vai cuidar deles

A grande questão da semana que passou, entre os que lêem sobre política e especialmente gostam de informar-se sobre eleições, é como pode ser possível gastar-se quase R$ 300 milhões para bancar todas as candidaturas presidenciais. E mais: apenas os dois principais candidatos, com suas previsões bilionárias, admitiram à Justiça Eleitoral a possibilidade de chegar, juntos, a quase R$ 180 milhões em gastos de campanha.

Ouvindo-se lideranças partidárias e os próprios nomeados para cuidar dessa dinheirama, os tesoureiros desse troco todo, fica-se sabendo que se trata apenas de uma probabilidade. Afinal, ninguém ousa dizer que vai arrecadar tudo isso. Por duas razões: a primeira é a retração dos “investidores” em campanhas eleitorais; a outra são as condições impostas pela legislação para formalizar uma doação.

Mas há ainda outra questão. Ela é tratada, inclusive, na reportagem de capa que a revista Isto É Dinheiro está publicando em sua última edição – assinada pelo jornalista Octávio Costa, com a colaboração de Elaine Cotta – e reproduzida na página de Eleições do portal Terra. Alguns analistas ouvidos sugerem que sempre se gastou muito mais do que isso, com o “caixa 2”. Diante da inviabilidade legal e especialmente da dificuldade real de implementá-lo, com a crescente fiscalização, os formuladores das campanhas preferiram deixar o valor bastante elevado e gastar, efetivamente, o que arrecadarem.

É. Pode ser. Talvez seja. Mas, ainda assim, ao cidadão comum parecer ser um acinte que se gaste tanto, mas taaaanto, numa eleição presidencial. E que se encontrem doadores capazes de fazer surgir essa montanha de dinheiro. Bem, pelo menos, então, que seja “por dentro” – sem as falcatruas que sempre existiram e, até aqui, prosperaram. Sem punição.

Confira a reportagem, que mostra também quem são os principais operadores financeiros das campanhas presidenciais favoritas:

”Cara nova, velhos problemas
Partidos mostram seus tesoureiros, anunciam gastos elevados e deixam a dúvida: de onde virá tanto dinheiro?

O ex-prefeito de Diadema, José Filippi Júnior, é homem de classe média alta, educado, de fala mansa. Parece um político honesto e honrado. Mas, na quarta-feira 5, a direção do PT decidiu atirá-lo aos lobos. Escolhido para tesoureiro da campanha do presidente Lula, Filippi foi apresentado à imprensa na sede do PT nacional, em Brasília, com a delicada missão de se defender de acusações levantadas pelo Ministério Público. Mal pisou sozinho na sala, causou um pipocar de flashes que lembrava o julgamento de Suzane Richtofen. Apesar do constrangimento, Filippi Júnior saiu-se bem ao relatar os fatos.

A principal denúncia, sobre a origem dos R$ 183 mil que usou para desbloquear seus bens na Justiça, não resistiu à documentação que exibiu. O tio de sua esposa, Mário Moreira, comerciante e fazendeiro, emprestou-lhe R$ 150 mil e os amigos se cotizaram com R$ 6,9 mil. O deputado estadual Mário Reali (PT-SP) colaborou com mais R$ 10 mil e o restante foi coberto com poupança pessoal. Convincente, Filippi Júnior desvencilhou-se de outras acusações. Resta saber se, depois do que passou, terá tranqüilidade para executar a difícil tarefa na campanha de Lula.

Menos audacioso, o PSDB preferiu andar em terreno seguro. Escolheu para tesoureiro Miguel Reale Jr., ex-ministro da Justiça do governo Fernando Henrique e professor titular de Direito Penal da USP. Jurista de reputação ilibada, Reale Jr. está acima de qualquer suspeita e não atrai detratores ou inimigos políticos. Difícil, porém, é acreditar que o renomado tucano descerá da torre de marfim acadêmica para pedir o apoio financeiro de empresários e militantes. “Não vou passar o chapéu”, já disse o jurista. No máximo, Reale Jr. será o patrono da causa, defendida, por trás dos panos, por políticos semelhantes ao prefeito de Diadema.

Os perfis, já se vê, são diferentes. Mas os tesoureiros têm pela frente um trabalho parecido, de Hércules. A campanha para a Presidência está na rua e enganou-se quem esperava um padrão franciscano, como conseqüência da crise do mensalão. Lula e Alckmin registraram na Justiça Eleitoral orçamentos bem superiores aos de 2002. Serão, respectivamente, de R$ 89 milhões e R$ 85 milhões. Em 2002 o PT previu R$ 56 milhões, e gastou apenas R$ 39 milhões. Já o PSDB orçou R$ 65 milhões, mas declarou despesas de R$ 35 milhões. Os dois partidos sustentam que a correção para cima dos valores baseia-se em indicadores de preços. “Esse é o nosso teto para o primeiro e o segundo turno, mas acreditamos que o orçamento final será inferior”, explicou o presidente do PT, Ricardo Berzoini. Advogado e primo do candidato tucano, José Eduardo Alckmin fez a mesma ressalva: “A previsão deve ser feita de forma prudente, sem que signifique gasto efetivo.”

Especialistas em campanha política, porém, encontram melhor justificativa para o inchaço dos orçamentos: com a margem para o uso de caixa 2 estreita, é recomendável registrar um orçamento mais próximo da verdade. Nessa eleição, o caixa 2 tornou-se prática de altíssimo risco. E o homem da mala, circulando nos comitês com dinheiro vivo, foi aposentado. Por isso, os milionários orçamentos do PT e do PSDB geram uma série de indagações.

Que garantias têm o PT e o PSDB de que os financiadores históricos vão comparecer? Pela nova legislação, os partidos terão de apresentar na internet resumo de suas contas nos dias 6 de agosto e 6 de setembro. Isso não afugenta os interessados? Berzoini aposta que não. Para ele, os grandes grupos econômicos sempre dão uma no cravo e outra na ferradura, financiando campanhas dos dois candidatos à frente nas pesquisas. “Faremos a campanha nos marcos da legislação, combinando a contribuição de empresas com a contribuição de pessoas físicas”, destaca Berzoini, sem admitir comparações com os métodos de Delúbio Soares. E, mesmo sem ser perguntado, faz questão de repetir: “Vamos trabalhar nos limites da lei.” A própria advertência já demonstra a…”


SE DESEJAR ler a íntegra da reportagem, pode fazê-lo acessando a página de Eleições do Portal Terra na internet, no endereço http://noticias.terra.com.br/eleicoes2006/

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