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Guerra Civil. Política do “não tenho nada a ver” pode tudo, menos solucionar o problema

A situação de insegurança por que passa a população de São Paulo não pode ser resolvida apenas com o discurso conveniente, do ponto de vista eleitoral. A história do “não tenho nada a ver com isso”, levantada pelo ex-governador (até à véspera da eclosão do conflito) Geraldo Alckmin, candidato tucano à Presidência pelo PSDB, é difícil de ser engolida pela população, às voltas com greves nos presídios e agentes penitenciários mortos à razão de um por dia, em média.

Da mesma forma, a política de boa vizinhança exercida pelo presidente (e candidato à reeleição) Luiz Inácio Lula da Silva, embora possa parecer simpática, definitivamente não contribui para uma solução efetiva, aparentemente longe do alcance do atual governador, Cláudio Lembo.

Enquanto uns discursam de um lado, e outros tergiversam pelo outro, a cada momento que passa a população fica mais à mercê de quem comanda (sem trocadilho) as ruas e a alma dos paulistas, como se viu na palavra (que você leu aqui mesmo na última nota – vai lá e releia, para entender melhor – publicada neste domingo, 9) de Marcola, o reconhecido líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), em depoimento à CPI do Tráfico de Armas.

A propósito de quem está no controle da situação em território paulista, talvez seja adequado ler o texto do jornalista Josias de Souza, publicada nesta madrugada, na página dele na internet. Veja:

”Tudo está ‘sob controle’; não do governo, claro

No início de maio, em meio a corpos ensangüentados e a ônibus carbonizados, o governador Cláudio Lembo (São Paulo) foi aos microfones para dizer que a situação estava “sob controle”. Tinha razão. Só não disse que quem “controla” a situação não é o Estado.

Nos últimos dez dias, mais oito corpos de agentes da lei foram à mesa do IML -cinco funcionários de penitenciárias e três policiais militares. Estes últimos tombaram entre a noite de sábado e a madrugada de domingo. Suspeita-se que as mortes sejam obra do mesmo PCC que barbariza São Paulo há dois meses.

Enquanto o PCC invade a área, o candidato tucano Geraldo Alckmin, sócio do desastre, ajeita o meião. Anotou num esboço de programa de campanha meia dúzia de palavras sobre segurança pública. Insinua que a encrenca é federal, não estadual. Promete criar um conselho. Acena com mudanças na legislação. E acha que o blábláblá assegura-lhe o direito de assistir à distância aos gols do adversário.

Lula vê a anarquia paulista pelo lado mais conveniente. Aposta que roubará votos do tucanato (leia-se José Serra e Alckmin). Alega ter feito o que estava ao seu alcance. Refere-se ao descalabro como coisa estadual, não federal. E finge-se de morto.

A política do “não tenho nada a ver com isso” pode servir de biombo eleitoral. Mas não resolve o problema. Os candidatos de 2006 têm muito a aprender com o Píer Paolo Pasolini de 1968. Numa época em que seus patrícios achavam bonito ver a estudantada apedrejando policiais, o cineasta italiano lembrou que policial é trabalhador. E solidarizou-se, em artigo, com os apedrejados.

Entre nós, os policiais não vêm sendo alvo de pedras. Tratam-nos à bala. Quem puxa o gatilho não é a mocidade, mas …”


SE DESEJAR ler a íntegra do artigo, pode fazê-lo acessando a página do jornalista na internet, no endereço http://josiasdesouza.folha.blog.uol.com.br/

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