POLÍTICA. Semana começa com a base governista pressionada a indicar integrantes e instalar CPI da Kiss

Bueno, está feito. O governo conseguiu emplacar, depois de praticamente todos os seus integrantes declararem ser contra, a Comissão Parlamentar de Inquérito para “averiguar fatos e implicações que envolvem a tragédia de 27 de janeiro”. Não contava, porém, com a resposta da oposição: esta, mesmo tendo direito a indicar um integrante, abdicou dele. Com o que carimbou a CPI com o epíteto óbvio: ela é governista na origem e na formação. E uma dúvida: na investigação também?

E agora? O que manda o regimento é a indicação dos integrantes em três dias e a instalação em sete. Descontando o domingo, será nesta segunda-feira a data para a nomeação, pelos partidos do governo, dos três integrantes. Como um dos partidos, o PTB, igualmente disse (pode ter sido convidado a mudar de ideia, claro) não querer participar, e o PDT tem como único edil o presidente da Câmara, regimentalmente impedido, sobram duas opções.

Uma delas é convidar Marion Mortari (PSD), que havia fechado com a oposição e depois voltou atrás. Nesse caso, ele seria um membro neutro e sem poder efetivo. Este seria do presidente e do relator, posições a ser destinadas a PMDB e PP, as pontas de lança do governismo na Câmara. Ou, o que é mais provável, acrescentar um nome do DEM, Doutor Tavores ou Manoel Badke, com o que até nisso a CPI seria totalmente do governo.

A outra alternativa seria a completa desmoralização: não instalar a CPI e, objetivamente, confessar que nada pretende investigar. Um suicídio politico que, cá entre nós, é no mínimo improvável.

Em qualquer circunstância, porém, a oposição vai participar. Fiscalizando a Comissão. E deverá contar com o apoio, para tanto, de entidades do movimento social e, com certeza, familiares de vítimas que apoiam todas as iniciativas capazes de elucidar o que ocorreu no dia 27, e apurar as responsabilidades. Sejam de quem for.

Não falta, convenhamos, pressão sobre os governistas. Que terão que sair do discurso. E partir para a prática. Sob os olhos vigilantes não apenas da oposição (que fará, com isso, nada além de sua obrigação política), mas também da sociedade. É uma responsabilidade e tanto.