Vereança. Esse seu Geninho, definitivamente, é de um outro tempo, bem diferente do atual
Aos 93 anos, dá pra dizer que Geronimo Julio Sarturi é, digamos, uma figura em extinção. E isso nada tem a ver com a idade, que ele mostra com extrema dignidade. Pelo menos é o que deprendo ao ler a entrevista que ele concedeu à repórter Alexandra Zanela, que o Diário de Santa Maria publica em sua edição deste final de semana.
O que torna Sarturi, o Geninho, diferente é que ele vem de um outro tempo – e mais uma vez não se está falando em questões etárias. De uma época em que ser vereador tinha menos significado, digamos assim, pragmático, como os edis de hoje são vistos pela média da população. Inclusive porque, no tempo em que ele começou, sequer salário os parlamentares recebiam.
Sobre esse político diferente, que deixou a função pública no fim dos anos 80 do século passado, vale a pena ler o texto da Alexandra, que reproduzo a seguir:
’A roubalheira é uma barbaridade’
Com uma camisa xadrez e um chinelo de couro nos pés, Geronimo Julio Sarturi estacionou o carro em frente a sua casa, na quarta-feira à tarde. No banco de trás, a companheira das tardes de calor: uma vara de pescar. Com um sorriso no rosto, ele cumprimenta a equipe do Diário e já chama para entrar na casa onde mora com a filha Maria e a neta Larusa.
Seu Geninho, como é conhecido pelos amigos em São Pedro do Sul, tem a disposição de um jovem, apesar dos seus 93 anos. No sofá da sala, ele contou a história da sua vida. Por 37 anos ininterruptos, seu Geninho foi vereador em São Pedro. Abandonou o cargo em 1988, mas a política não saiu da sua vida.
Todas as terças-feiras, ele vai até a Câmara de Vereadores assistir às sessões. Não perde uma e tem até lugar reservado: uma cadeira no cantinho do plenário, bem perto de uma caixa de som. O lugar foi escolhido porque seu Geninho tem problemas de audição. Foi o jeito que ele encontrou para não perder os discursos dos parlamentares. O ex-vereador também ocupa a tribuna quando o assunto lhe chama a atenção. Ele é aposentado como comerciante, mas São Pedro aprovou uma lei para que seu Geninho receba uma pensão, pelo tempo que foi vereador.
Diário de Santa Maria – Quantos anos o senhor tem?
Geronimo Julio Sarturi – Tenho 93 e meio. Nasci em 4 de julho de 1913.
Diário – O senhor chegou em casa dirigindo…
Geronimo – É, vou indo. Pela idade que eu tenho, agradeço a Deus.
Diário – E as pescarias?
Geronimo – É, eu sempre vou pescar, mas hoje não deu porque o rio estava muito cheio.
Diário – Quantos filhos o senhor tem?
Geronimo – Tenho 10 filhos. Agora moro com uma filha. Minha mulher faleceu há 14 anos.
Diário – O senhor foi vereador por quantos anos?
Geronimo – Por 37 anos. Entrei no dia 1° de janeiro de 1951 e sai no dia 1° de janeiro de 1988. 37 anos ininterruptos. Fui nove vezes candidato e nunca perdi.
Diário – E qual era o seu partido?
Geronimo – Primeiro fui do PTB. Depois do MDB, depois do PMDB e assim foi indo. Já faz uns quatro anos que eu ajudei a fundar a Frente Liberal em São Pedro. Estou até agora no PFL.
Diário – E quando o senhor deixou de ser político?
Geronimo – Olha, eu fui vereador e também subprefeito por quatro anos e subdelegado de polícia por oito. Na época, tinha subdelegacias nos distritos. Então, eu era subdelegado no segundo distrito de São Pedro. Tive 49 anos com cargo público. Em 1988, deixei de ser vereador.
Diário – O senhor é aposentado como vereador?
Geronimo – Não, sou aposentado por tempo de serviço como comerciante. Como vereador, eu acabei ganhando uma pensão vitalícia. É a única do Brasil. Quando eu saí, em 1988, fizeram uma pesquisa em todo o Brasil e não tinha nenhum como eu. Na época eu era o vereador mais antigo do país. Daí fizeram uma lei para eu ter a pensão
SE DESEJAR ler a íntegra da reportagem, pode fazê-lo acessando a página do jornal na internet, no endereço www.clicrbs.com.br/jornais/dsm/.
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