Análise. PMDB volta a ter, unido, um projeto de poder. Desta vez, junto com o PT. Será?
A última vez que o PMDB se união tão fortemente em torno de um projeto de poder foi há mais de 20 anos quando da eleição de Tancredo Neves, o primeiro presidente pós-regime militar. Isso até agora, quando a sigla, que é a maior do país sob qualquer estatística que se deseje utilizar, resolveu aderir à proposta de governo de coalizão feita pelo recém reeleito presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT.
A avaliação, que vem acompanhada de informações acerca do processo, é do experiente jornalista Tales Faria, em artigo publicado no site especializado Congresso em Foco. Faria, atualmente, dirige as sucursais do Jornal do Brasil e da Gazeta Mercantil, em Brasília.
Afinal, o que pretende dizer o jornalista quando fala em projeto de poder? E o que significa o PMDB dentro dessa idéia? Hein? Acompanhe e descubra você mesmo:
Ah, como é gostoso meu projeto de poder! Eu sempre quis dar a um artigo o título acima. Lembra um filme brasileiro que assisti na adolescência. Chamava-se Como era gostoso o meu francês. Um bom filme. Não chegava a ser excelente. Eu gostava mesmo era do titulo. Esse negócio de comer um francês, povo que tanto gosta de comida. E a indiazinha canibal era muito apetitosa, a Ana Maria Magalhães…
Enfim, eu gostava do título e sempre quis usá-lo num artigo. Agora que o PMDB vai para o governo e ameaça fazê-lo de maneira unificada, surgiu a oportunidade: nada como um apetitoso projeto de poder para unificar um partido.
Chega a ser difícil de acreditar que o PMDB, o velho PMDB de guerra, a eterna confederação rachada de partidos regionais, enfim está se unindo. Passou rachado todo o primeiro mandato de Lula, com as viúvas do tucano Fernando Henrique Cardoso de um lado e os neo-petistas-sarneyzistas de outro.
Assim como esteve dividido também durante o governo do tucano Fernando Henrique: Jader Barbalho, Geddel Vieira Lima e Renan Calheiros no governo; Itamar Franco, Orestes Quércia, Paes de Andrade e Pedro Simon na oposição. Coisa assim de convenções com o partido literalmente dividido ao meio.
Antes ainda, na gestão Fernando Collor de Mello, o jeito foi o PMDB declarar-se independente, tal a profusão de correntes e opiniões no partido em relação ao governo. Mas, puxando da memória, dá para encontrar momentos em que o PMDB conseguiu se unir.
Por exemplo, quando Tancredo Neves, que havia deixado o partido para formar o PP, voltou à legenda fazendo acordo com Ulysses Guimarães: se as diretas fossem aprovadas pela Câmara, Ulysses seria o candidato a presidente da República; se as diretas não passassem, Tancredo concorreria no colégio eleitoral.
Partido unido, o PMDB comandou os rumos da história do país. As diretas não passaram, mas o movimento foi tão forte que a ditadura e Paulo Maluf não conseguiram derrotar Tancredo no colégio eleitoral, em janeiro de 1985. E o Brasil voltou à democracia.
Outro momento: governo Itamar Franco. O clima pós-impeachment de Fernando Collor era de união nacional. Todos em pânico, cuidando para que a frágil e infante democracia brasileira não se perdesse. O petista Lula chegou a indicar o tucano José Serra para ministro da Fazenda. O PMDB não tinha como rachar naquele momento. Era a encarnação da expectativa de poder, com Ibsen Pinheiro cotado para presidente da República. Mesmo com Ibsen e o partido afundando no escândalo dos anões do orçamento, o então ministro peemedebista da Previdência, Antônio Brito, chegou a liderar as pesquisas para presidente da República…
SE DESEJAR ler a íntegra do artigo de Tales Faria, pode fazê-lo acessando a página do Congresso em Foco, no endereço http://congressoemfoco.ig.com.br/DetArticulistas.aspx?colunista=21&articulista=319.
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