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Vira-casacas. 193, de 513 deputados federais, trocaram de partido pelo menos uma vez

Não sei se haverá reforma política. Tenho lá minhas profundas dúvidas (leia as duas notas imediatamente anteriores, e que tratam do tema). No entanto, sobre algo tenho convicção: se não se fizer nada, a mixórdia continuará no âmbito do Congresso Nacional. Ao ponto de, com a licença do ditado popular, deputados e senadores continuarem a trocar de partido como se troca de camisa.

Veja-se o caso do roraimense Alceste Almeida, atualmente no PTB (parênteses, Almeida é, soube há poucos dias, médico formado aqui mesmo na UFSM, lá pelos anos 60, início dos 70). Esse senhor, que por sinal é acusado de ser uma das “sanguessugas” é, se não contei mal, o campeão das trocas. E começou no primeiro dia do mandato, em 1º de fevereiro de 2003. Na ocasião, deixou o PL pelo qual havia sido eleito, e se bandeou para o PPS. Menos de dois meses depois já estava no PMDB, que mais adiante foi trocado pelo PTB, retornou ao PMDB, saiu, virou independente, voltou de novo ao PMDB até que trocou o peemedebismo mais uma vez pelo PTB. E, ufa, não se reelegeu.

Pode isso? Pode, no Brasil. Fidelidade partidária é uma bobagem que os civilizados políticos inventaram e que não tem valor algum por aqui. Será que vai mudar? Honestamente? Duvido muito. Só resta a esperança. E, enquanto isso não vem (hehehehehehe), vale a pena ler o excepcional trabalho de reportagem publicado pelo site especializado “Congresso em Foco”, e que alguns jornais devem estar reproduzindo nesta terça-feira.

Ali encontrei a história do Alceste. E também a lista completa dos vira-casaca (únicos ou múltiplos), e até as suas justificativas (sim, eles têm cara-de-pau). Fiquei sabendo que foram 193 (com 285 vai-e-vens) os deputados que trocaram de partido, e que 15 senadores (em 81) protagonizaram 21 mudanças. E que os cariocas foram os que mais pularam de lado, enquanto os gaúchos se mostraram os mais fiéis.

Também fiquei sabendo outro dado curioso, a respeito do período em que acontece o maior swing partidário. E que boa parte dos camaleões simplesmente foi explodida pelo eleitorado. E… Bem, melhor que você mesmo leia o excelente trabalho jornalístico assinado pelo repórter Edson Sardinha (com a colaborção de Soraia Costa). Acompanhe:

”Exclusivo: a radiografia da infidelidade partidária
Desde 2003, houve 285 trocas de partido na Câmara, envolvendo 193 deputados. A maioria deles passou para a base aliada e não se reelegeu

:A legislatura que introduziu as palavras mensalão e sanguessuga no vocabulário da política nacional também soube conjugar como nunca o verbo trocar. Um em cada três dos 618 deputados que exerceram o mandato nos últimos quatro anos, entre titulares e suplentes, trocou de partido desde janeiro de 2003. De lá pra cá, dos 193 que mudaram de legenda, 70 o fizeram ao menos duas vezes. Ao todo, eles trocaram 285 vezes de partido

Os campeões neste festival do troca-troca foram os deputados Zequinha Marinho (PSC-PA) e Alceste Almeida (PTB-RR), com seis mudanças cada. Depois deles, aparecem João Mendes de Jesus (sem partido-RJ) e Enio Tático (PTB-GO), com cinco mudanças cada. Outros cinco trocaram quatro vezes: Lúcia Braga (PMDB-PB), Carlos Willian (PTC-MG), Lino Rossi (PP-MT), Almir Moura (sem partido-RJ) e Pastor Amarildo (PSC-TO).

Além da inconstância partidária, esses parlamentares têm outra coisa em comum: a maioria não voltará à Câmara em 2007. Apenas Zequinha Marinho e Carlos Willian renovaram seus mandatos por mais quatro anos. Troca de partido parece, definitivamente, não rimar com reeleição.

Dos 193 que mudaram de legenda, 110 não se reelegeram, concorreram sem sucesso a outros cargos ou simplesmente não se candidataram, e outros seis não concluíram o mandato. Só 77 (40%) conseguiram se reeleger em outubro. O percentual é inferior ao índice de renovação da nova Câmara, que ficou pouco abaixo de 50%.

O cruzamento de informações feito pelo Congresso em Foco, com base em dados oficiais da Câmara, também revela outra curiosidade: metade dos 69 deputados denunciados pela CPI dos Sanguessugas trocou de partido na atual legislatura.

Além dos 34 suspeitos de terem recebido propina da máfia da ambulância, também mudaram de legenda outros seis parlamentares que, mesmo inocentados pela comissão de inquérito, ainda são alvo de investigação do Ministério Público Federal pelo mesmo caso.

Engordando a base aliada

O levantamento também confirma a intensa movimentação em direção a partidos governistas. Precisar o número dos deputados que deixaram a oposição para votar com o governo é tarefa das mais complexas. Afinal, PDT e PPS (agora MD) integraram a base aliada, respectivamente, até dezembro de 2003 e 2004. Além disso, assim como no PMDB, deputados do PP e do PTB também se dividem entre os que apóiam ou fazem oposição ao Palácio do Planalto.

Um dado desse troca-troca, porém, é ilustrativo: 60 deputados trocaram o PFL e o PSDB por legendas da base aliada ao longo dos últimos quatro anos. A rigor: PL, PTB, PP, PSB e PMDB. Enquanto isso, somente 15 fizeram o trajeto inverso. Outros deputados, como…”


SE DESEJAR ler a íntegra do artigo, pode fazê-lo acessando a página do “Congresso em Foco” na internet, no endereço http://congressoemfoco.ig.com.br/Noticia.aspx?id=13072.

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