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Essa nossa mídia… Parece que os casos de Alceni, Ibsen e Escola Base não ensinaram nada

Policial, Promotor, Magistrado e, claro, Executor da Pena. Tudo ao mesmo tempo. É nisso que, em algumas situações, tem se convertido a atividade jornalística. Especialmente na mídia grandona (e na que se acha). Aparentemente, casos como os que vitimaram, em épocas distintas, o hoje deputado federal e secretário de Saúde do Distrito Federal, Alceni Guerra, e o também deputado, o gaúcho Ibsen Pinheiro – ambos injustamente trucidados pela mídia, com especial destaque para a recorrente revista Veja – não comovem ninguém.

 

Sem falar no caso dos proprietários da Escola Base, em evento nem tão longínquo assim, que foram exterminados para a vida civil porque muitos veículos (todos sendo, gradativamente, condenados pela Justiça) cumpriram com suas funções de carrasco. Como se essa fosse a função dos veículos midiáticos.

 

É  muito disso, e do que está acontecendo hoje no País, que escreve o experimentado jornalista Carlos Brickmann, na coluna “Circo da Notícia”, que assina semanalmente no site especializado Observatório da Imprensa. Vale a pena ler. E refletir. Nem que seja um pouquinho só. A seguir, um trecho:

“Caso Renan Calheiros – Os tigres de papel

Comecemos com uma declaração de princípios: nenhum político que esteja ao lado de todos os governos, por mais inimigos que sejam uns dos outros, merece consideração. É o caso de Renan Calheiros: era comunista linha chinesa, articulou a candidatura de Fernando Collor de Mello à Presidência, apoiou Itamar Franco, foi ministro de Fernando Henrique Cardoso, é aliado de Lula desde criancinha. Não há como respeitá-lo. Não há como respeitá-lo como político, mas é essencial respeitá-lo como ser humano.

O jornalista, como cidadão, tem o mesmo direito de todos os cidadãos de pensar como quiser. Mas, enquanto jornalista, é delegado dos consumidores de notícias. Espera-se que narre os fatos com toda a honestidade e a máxima objetividade possível. O consumidor de notícias, que em última análise é quem paga nosso salário, quer ser informado ampla e corretamente. E está no seu direito.

Jornalista, enquanto jornalista, não pode vaiar um político, por mais que o despreze, por menos que o aprecie. E não somente por motivos éticos: ao agir como torcedor, o jornalista se deprecia. Uma reportagem bem-feita derruba um governo, contribui para a mudança de um regime político. Uma vaia não muda nada. Quando jornalista age como moleque, sua influência é a de um moleque.

O caso Renan mostrou isto com toda a clareza. Renan tem muitos defeitos (alguns dos quais, com certeza, compartilhados por bom número de seus pares). Se a história das rádios for verdadeira, merece ter o mandato cassado – talvez não por quebra de decoro, mas por violação deliberada das leis do setor. Mas que seja cassado pela lei, não pela imprensa. Jornalista não pode acumular as funções de investigador, promotor, juiz e carrasco. É muita coisa para uma pessoa só.

Quanto alguns colegas tentaram acumular essas funções, tivemos casos como os de Alceni Guerra, de Ibsen Pinheiro, da Escola Base. Não deu para aprender?…”

“Respeito é bom 1

Há meios de comunicação que se referem ao ex-ministro José Dirceu como “chefe de quadrilha”. Ele, efetivamente, foi acusado de ser o chefe de uma quadrilha. Mas não houve ainda qualquer julgamento. Até que Dirceu seja julgado, não pode ser tratado como criminoso. Pode ser tratado como adversário político, podem fazer-lhe restrições, mas criminoso só será se a Justiça assim o decidir.

É difícil trabalhar assim, caro colega; é complicado lidar com essas coisas em linguagem jornalística. O tempo da Justiça é diferente do tempo do jornalismo. Mas em casos que envolvem liberdades individuais e direitos humanos é melhor esperar a Justiça…”

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra da coluna “Circo da Notícia”, de Carlos Brickmann, no Observatório da Imprensa.

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