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Diferente. Espaço aberto para os punks da cidade. Até porque, eles “também amam”

Reconheço que este não é o tema preferencial desta (nem sempre) humilde página de internet. Mas vale a pena reconhecer a existência deles (eles, no caso, são os “punks”), dos quais este repórter não é devoto, mas respeita. E isso aconteceu, por exemplo, num debate realizado pela Seção Sindical dos Docentes da UFSM, no início da semana. Foi em mais uma edição do já tradicional evento “Cultura na Sedufsm”. A propósito, confira o texto de Adriana Garcia e Fritz Nunes, da assessoria de imprensa da entidade. A seguir:

 

“Uma noite punk na SEDUFSM

 

“Os punks também amam”, evoluem e se modificam na medida em o mundo se atualiza, converge e se globaliza. Esse é o consenso dos debatedores do último Cultura na SEDUFSM do ano de 2007, que aconteceu no dia 17 de dezembro, no auditório da seção sindical e reuniu mais de 100 pessoas, entre professores, acadêmicos, simpatizantes e punks. No encontro foi exibido o vídeo-documentário ‘Botinada: A origem do punk no Brasil’, dirigido por Gastão Moreira e que serviu como ponto de partida para a discussão.

A mesa teve como debatedores o jornalista Homero Pivotto Jr., a professora do curso de jornalismo da UFSM, Veneza Mayora Ronsini e o músico e DJ, Maxx Chami. A coordenação da mesa foi do estudante de jornalismo da UFSM, William Araújo, que produz o programa Pró-Música, na Rádio Universidade. Para encerrar a discussão o público apreciou a apresentação da banda ‘Exumados’.

Os objetivos essenciais do movimento punk, surgido no final dos anos 70, nas capitais São Paulo e Brasília, era de romper com a estética musical, visual e comportamental estabelecida na sociedade. As atitudes dos grupos, em forma de “protesto contra o sistema” são associadas à ideologia anarquista, no entanto há detecção de mudanças estruturais, com o surgimento de novos grupos no passar dos anos. Com esse pressuposto a professora Veneza Mayora Ronsini lançou no debate o questionamento: “qual é o papel do punk hoje”?

O punk de ontem e hoje

O músico Maxx Chami, um dos pioneiros da música punk/hardcore em Sanat Maria, traçou um paralelo do movimento no passado e no presente. De acordo com ele, para a “geração pré-internet era mais dura”, mas hoje em dia tudo está mais acessível e rápido. Entretanto, os questionamentos continuam os mesmos, embora no final dos anos 80 houvesse a polarização do protesto segmentando em político e anarquista. Em todo o mundo, o movimento punk tomou outras proporções, o músico exemplifica com o caso do Japão, considerado o mais extremista. Para Maxx, no cenário punk de hoje existem facções como os emos, anarcopunks e hardcore, mas “o espírito vai sempre estar vivo”, enalteceu.

“No início era mais uma contestação à música progressiva do que um movimento”, explica o jornalista Homero Pivotto Jr., que trabalhou o tema “bandas punk rock em Santa Maria” na sua monografia de conclusão do curso de jornalismo da UFSM. Para o jornalista, esse movimento que quebrou paradigmas, hoje é “assimilado demais”, se resumindo na concepção das pessoas, em bandas como Blink 182, Green Day e Simple Plan. Um outro aspecto levantado por Homero Jr. foi o termo punk ser pejorativo e na sua essência significar ‘sujo e podre’.

A professora do curso de jornalismo da UFSM, Veneza Mayora Ronsini, analisou os conceitos da subcultura punk e da contracultura (undergound e alternativa). Para Veneza, os integrantes mais antigos do movimento punk receberam uma carga ideológica maior. Já na atualidade é improvável esse efeito, já que está dependente da forma de acesso as informações dessas pessoas. “Os mais antigos são mais políticos, consomem mídia alternativa e têm mais chance de refletir”, explica Veneza.

Globo matou o punk

Na visão do ex-VJ da MTV, diretor do documentário, Gastão Moreira, a emissora de televisão Globo arruinou a imagem pública do movimento punk. No vídeo-documentário de mais de uma hora é mostrado que muitos integrantes do movimento foram prejudicados por uma reportagem mostrada no programa Fantástico. Segundo a pesquisadora Veneza Ronsini, que trabalha com a linha de pesquisa dos estudos culturais, “a mídia não tem esse poder”. A produção audiovisual que conta a história dos ícones do movimento, em 77 entrevistas inéditas com jornalistas, cineastas, bandas e simpatizantes foi muito bem elogiada pelos debatedores pelo “conteúdo encaixado e atrativo”.

Fim de festa

O desfecho da última edição de 2007 do Cultura na SEDUFSM foi com a apresentação da banda santa-mariense Exumados. Formada por Ivon Nunes (vocal), Eduardo Arruda da Cunha (guitarra), Denis Santos de Carvalho (bateria) e Lukas Niederauer (baixo), a Exumados existe desde 2003 e toca sons no estilo punk, hardcore, grindcore e power violence, que se destacam pelo ritmo mais acelerado com os vocais gritados. O nome foi inspirado em uma reportagem de televisão em que um dos integrantes ouviu falar sobre a exumação do corpo de um político. Além de Santa Maria, a banda já se apresentou em vários clubes underground do estado, inclusive, junto com músicos de renome internacional no estilo, como foram o caso de “Sick Terror” e “Mukeka Di Rato”. A banda executou um total de cinco músicas, a maioria de composições próprias, e poucas de outros grupos referenciais ao estilo. Apesar da apresentação curta, o auditório da SEDUFSM recebeu “punks” de verdade, que, depois de passarem a maior parte do tempo do lado de fora, adentraram ao salão para ver e dançar ao som da Exumados. O grupo teve direito até mesmo a uma “roda punk”.

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui, se desejar, outras informações oriundas da assessoria de imprensa da Sedufsm.

 

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