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Análise. Que têm em comum os presidentes Fernando Collor de Mello e Luiz Inácio Lula da Silva

Ninguém precisa concordar, claro. Mas vale a pena ler o que escreve um dos mais lúcidos (e bem-informados) jornalistas brasileiros. Luis Nassif, titular da Agência Dinheiro Vivo, palestrante renomado e comentarista da TV Cultura, canal público paulista – já tendo passado pela Folha de São Paulo e TV Bandeirantes, entre outros veículos, têm uma opinião bastante interessante acerca dos últimos Presidentes da República. E vê pontos de contato entre Collor e Lula (foto), e que têm muito a ver com a conjuntura do País. Confira você mesmo e, lá no final, acompanhe meu próprio comentário. A seguir:

 

“A síntese política do Brasil

O país ainda está imerso em uma guerra santa, especificamente da mídia contra Lula. Mas, por enquanto, está restrita a isso, despregada da realidade política do dia a dia.

Mas há uma importância inegável no governo e no personagem Lula. O Brasil vive um terremoto social e político, com a ascensão das classes D e E, a convivência do arcaico com o moderno – o arcaico e o moderno presentes em todos os extratos sociais.

É arcaico o militante de esquerda que não consegue enxergar o papel que cabe, por exemplo, à grande empresa brasileira na formação de uma nação mais moderna e justa. Como é arcaico esse modernismo preconceituoso de parte do colunismo pátrio, contra o que considera “Brasil atrasado” – misturando crítica política com preconceito em relação às novas forças que emergem. Ou se considerar que instrumentos modernos – como lei ambiental, lei de defesa dos consumidores, leis de direito econômico – são intromissões do Estado.

Diria que, na formação do Brasil moderno – com suas qualidades e vícios – haverá no futuro o reconhecimento do papel fundamental de dois personagens.

O primeiro, Fernando Collor, ao romper com os grilhões do país fechado que se estratificou nos anos 80 – depois do modelo ter contribuído para o crescimento nas décadas anteriores.

FHC foi o seguidor, teve o mérito da maior habilidade política, mas nunca a grandeza suficiente de mostrar o Brasil com todas suas faces, de se propor a ser a síntese necessária, após a antítese collorida.

O discurso contra a “fracassomania”, a desqualificação do que ele considerava Brasil arcaico, o deslumbramento por ter entrado no clube da elite econômico-financeira, tirou a grandeza de que seu governo poderia ter se revestido. E não teve visão para entender o novo e corrigir os exageros iniciais do modelo.

No início permitem-se os exageros, única forma de romper com o velho. Depois, se entra na fase da consolidação, da maturidade, onde se corrigem os excessos do período anterior. FHC não soube consertar, ser a síntese.

Lula cometeu inúmeros pecados. Ainda não resolveu o dilema das agências reguladoras – presas entre a captura pelo governo e a captura pelos regulados; não conseguiu conferir limites à atuação do BC (nada do que o Banco faz pode ser questionado), não profissionalizou a máquina do Estado no ritmo necessário.

Mas, politicamente, abre espaço para a próxima grande etapa do Brasil, o maior desafio da consolidação democrática, a busca do Santo Graal, do grande pacto nacional que permita a todos os setores se sentirem membros da mesma nação…”

COMENTÁRIO CLAUDEMIRIANO: concordo integralmente com Nassif e acrescento o meu ponto de vista. Afora a parte da corrupção, deve-se a Collor a abertura ao mercado externo e a melhoria dos produtos “nacionais”,  especialmente os automóveis. Lembra o que ele disse? “nossos carros são umas carroças”. E eram mesmo.

 

Quanto a Lula, a história dirá que foi o presidente que, com todos os seus defeitos, fez gente que nunca tinha sonhado em um troço chamado mercado de consumo se inserir nele, fazendo emergir uma nova classe média. Mas isso, claro, e respeitando os críticos, só será possível medir daqui a alguns (quem sabe muitos) anos.

 

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira aqui a íntegra do artigo de Luis Nassif: “A síntese política do Brasil”.

 

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