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ATENÇÃO. Vicente Bisogno explica, em Carta Aberta, sua saída do PDT e da política partidária

No início da manhã de 2 de junho, uma segunda-feira, esta (nem sempre) humilde página de internet anunciava a decisão de Vicente Paulo Bisogno. Ele deixaria o PDT e a política. Na nota que publiquei (releia aqui), alinhavava algumas das razões pelas quais o jornalista tomaria a iniciativa de se mandar da política. E dava minha própria opinião a respeito.

 

Agora, 38 dias depois, Bisogno está divulgando uma Carta Aberta. Nela, dá suas próprias explicações, além de fazer outras considerações. Melhor ler você mesmo. A reproduzo a seguir, na íntegra:

 

“CARTA ABERTA

 

Depois de mais de vinte anos de intensa militância, me senti no dever de vir à público, por respeito aos correligionários – filiados e simpatizantes do PDT – e à comunidade de Santa Maria e do Rio Grande, para informar que estou me afastando da vida partidária. Foi a decisão mais difícil – e por isso a mais demorada – que já tomei até hoje.

 

Um dia, inspirado por um movimento de Igreja, aceitei a idéia de ser “sal e fermento” e de ajudar a melhorar ambientes, combater as diferenças, lutar por um mundo melhor. A política surgiu como uma forma de materializar este compromisso. Foi fácil escolher o partido, seguindo os rumos da minha consciência. O nacionalismo do presidente Getúlio Vargas, sua coragem de renunciar à própria vida para manter a chama de um ideal, presente de forma marcante na sua (nossa) Carta Testamento: “meu sacrifício vos manterá unidos e meu nome será vossa bandeira de luta. Cada gota do meu sangue será uma chama imortal na vossa consciência…”; as reformas de base de João Goulart; o legado ideológico de Alberto Pasqualini, o vigor cívico, a lucidez política e a obstinação patriótica de Leonel BRIZOLA e sua defesa intransigente da educação, sempre me impressionaram muito. É daí que vem a força do trabalhismo.

 

Durante mais de vinte anos me dediquei de corpo, alma e sentimento à causa que assumi. Cumpri todas as tarefas que me foram designadas. Nunca quis fazer da política uma profissão ou um meio de sobrevivência, mas uma missão. “No Brasil, não saímos ainda da era do primitivismo político caracterizado pelas formações partidárias em função das pessoas e dos interesses. Um partido, para merecer este nome e para ter condições intrínsecas de sobrevivência e de êxito, deve em primeiro lugar estar à serviço de um ideal. Em segundo lugar, cumpre que seus líderes ou dirigentes tenham a inteligência suficiente para compreender este ideal e a honestidade bastante de não permitir sua deturpação” (ALBERTO PASQUALINI).

 

Procurei abrir portas e levar o debate político a outros setores da sociedade: na ADCE (Associação dos Dirigentes Cristãos de Empresas), escolas, clubes de mães, associações comunitárias, clubes de serviço e tantas outras instituições. Considero importantíssimas a reconstrução dos núcleos de base, marca registrada do trabalhismo, e o fortalecimento da Faculdade Leonel Brizola, de ensino à distância. É preciso preparar os partidos (todos) para uma convivência mais fraterna e uma vivência mais intensa não apenas em períodos eleitorais, mas na sua ação permanente, pois, como ensinou Pasqualini, “mais importante do que conquistar votos, é conquistar consciências”.

 

Já tive que renunciar a muitos projetos pessoais, propostas profissionais, na convicção de que estava cumprindo meu papel de cidadão. Sou apaixonado pela comunicação, vocação que descobri antes mesmo de ingressar na vida profissional, e que até hoje me envolve, me emociona, me comove e me entusiasma. Estou vivendo um momento de grande vigor profissional. Com a consciência do dever cumprido, e de ter dado o melhor que pude ao meu partido, à Santa Maria e a seu povo, peço compreensão para a decisão que ora tomo. Restaram muito mais do que “cicatrizes de batalha”.

 

Ficaram lembranças inesquecíveis, lições que faculdade alguma jamais vai ensinar, muita gratidão e uma enorme disposição de continuar aprendendo, crescendo, sacudindo a poeira do tempo, renascendo a cada dia, afinal, tudo neste mundo é uma viagem e somos todos passageiros. É necessário compreender a lição de cada experiência e recomeçar sempre com mais vigor e fé.

 

Obrigado, e um forte abraço.

 

Vicente Paulo Bisogno”

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