Insônia ou cegueira? Luciano Ribas, os “Cem anos” de Marquez e entrevista de Titi Roth ao DSM

“…Para mim, uma das coisas mais impressionantes do livro é a estranha doença da insônia que, em determinado momento, se abate sobre os habitantes de Macondo. Infectados, começam a esquecer-se de tudo, até mesmo das coisas quotidianas, a tal ponto que são obrigados a escrever os nomes e até mesmo as funções dos seus utensílios em pequenos papéis. Na vaca, por exemplo, José Arcadio Buendía escreveu “esta é a vaca, tem-se que ordenhá-la todas as manhãs para que produza o leite e o leite é preciso ferver para misturá-lo com o café e fazer café com leite”; na entrada de Macondo, colocaram o nome da cidade; na rua principal, “Deus existe”….

….Na entrevista do atual secretário de Cultura publicada no Diário de Santa Maria parece que a doença dos insones começou a manifestar-se, menos pelo tom evasivo e diletante e mais pela aparente falta de conhecimento ou mesmo de respeito por tudo o que foi em Santa Maria nos últimos anos (e em todos os cento e tantos anteriores). Preocupo-me, pois penso que talvez seja necessário que também espalhemos por nossas ruas alguns papéis com letras garrafais dizendo “Feira do Livro”, “Santa Maria Vídeo e Cinema”, “Santa Cena”, “Cartucho”, “Minuano da Canção”, “Carnaval da Cidadania”, “Theatro Treze de Maio”, “reforma da Gare”, “Emaet”, “oficinas na Gare e na Casa de Cultura”, “Catando Cidadania”, “Nossas Expressões”, “Coral dos Catadores”, “Concurso Felipe D’Oliveira”, “Fotográfico de Santa Maria”, “Sesquicentenário”, “Sala Eduardo Trevisan”, “Cesma”, “Cesma in Blues”, “Manhã Transfigurada”, “produtores culturais vivendo do seu trabalho” e uma série de outros nomes de …

 …Talvez tenhamos mesmo que chegar ao extremo de fazer como José Arcadio e pendurar na Saldanha Marinho um grande letreiro dizendo “esta é a praça, tem-se que limpá-la todos os dias, incluindo cortar o mato, para que se possa utilizar seu palco e arredores para fazer um festival de vídeo ou uma feira literária, que são eventos onde filmes e livros feitos aqui e em muitos outros lugares do mundo são compartilhados e fazem as pessoas mais humanas e felizes”. E na Rua do Acampamento outra lembrando que “Deus não mora no espelho”…”

Os parágrafos acima são parte do artigo “Insônia ou cegueira branca?”, do colaborador semanal deste site, Luciano Ribas. E que foi publicado nesta terça-feira. Basta ir à caixa de “Artigos”, ao lado, para lê-lo na íntegra. Boa leitura!