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Desabafo! PMDB foi cooptado por FHC e Lula, por “vantagenzinhas” e “favorzinhos”, diz Simon

O senador Pedro Simon deu mais uma de suas bombásticas entrevistas. Agora, foi para a versão online d’O Estado de São Paulo. E que, desconfio, pode até ser publicada na versão impressa desta terça-feira. Sobrou para todo mundo, no PMDB. Como se ele, Simon, não fizesse parte da história. É um político respeitável e respeitado. Mas, que me desculpe o parlamentar, de quem o repórter é fã histórico, até parece que ele nunca soube de nada.

 

Dito isto, sobrou para Fernando Henrique Cardoso (que teve gaúcho do PMDB no ministério) e para Luiz Inácio Lula da Silva (que também tem gaúcho e colega do senador no primeiro escalão). Mas, sobretudo, quem sofre são os próprios peemedebistas, destratados do início ao fim pelo presidente do PMDB gaúcho. Acompanhe os detalhes do material assinado pelo jornalista Daniel Jetin. A foto é de Fabio Rodrigues Pozzebom. A seguir:

 

‘É um crime o que estão fazendo com o PMDB’, diz Pedro Simon

 Para o senador, cúpula do partido se deixou cooptar por ‘vantagenzinhas’ e ‘favorzinhos’

 

 “São uns terrores.” É assim que o senador Pedro Simon (PMDB-RS) se refere às lideranças de seu partido, a quem acusa de se deixar cooptar em troca de “vantagenzinhas” e “favorzinhos”. Descrente do futuro do partido, o ex-governador do Rio Grande do Sul diz que “é uma crime o que estão fazendo com partido”, citando nominalmente as lideranças na Câmara (Michel Temer, presidente da Casa; Henrique Eduardo Alves, líder da bancada), no Senado (José Sarney, presidente da Casa; Renan Calheiros, líder do partido) e no governo (Geddel Vieira Lima, ministro da Integração; Edison Lobão, Minas e Energia). De acordo com Simon, o partido foi cooptado primeiro por Fernando Henrique Cardoso depois por Lula em troca de “favorzinhos” e “vantagenzinhas”. “Porque nenhum partido tem interesse de ver o PMDB crescer”, diz. Leia a seguir trechos da entrevista.

 

O PMDB tem o maior número de filiados e grande penetração nos Estados. O que impede a ação coesa das forças do partido em nível nacional?
Nós não conseguimos nos livrar de um comando partidário que não tem espírito público, não tem espírito partidário, não tem a responsabilidade para ocupar os cargos. Desde quando o dr. Ulisses (Guimarães) se afastou, o partido vem caindo numa situação de irresponsabilidade. No governo Itamar (Franco), o presidente do partido (Orestes) Quércia não admitiu que o PMDB oficialmente integrasse o governo. O Itamar queria e insistiu para o PMDB indicasse o ministro da Fazenda. A direção nacional não quis. Quando assumiu o Fernando Henrique Cardoso, o PMDB foi se dando em troca de alguns cargos. O PMDB passou a ter uma vida dependente. E desde então não se fala mais em ter uma candidatura própria à Presidência da República. Durante 8 anos do governo FHC, o comando do PMDB esteve ali interessado em favorzinhos, um ministério aqui, um cargo ali, e ficou profundamente acomodado. Quando ganhou o Lula, o partido foi cooptado. Mesmo os que estavam no governo FHC, como o Renan (Calheiros), que foi ministro (da Justiça) do Fernando Henrique. Hoje a imprensa noticia – e é uma vergonha – que o PMDB é uma interrogação: quem dá mais? E ninguém sabe se é o PT ou o PSDB que vai ganhar a Presidência, mas todo mundo diz que já sabe que o PMDB vai estar no governo, seja com quem for. Essa acomodação, essa irresponsabilidade, essa imoralidade… Tanto Fernando Henrique Cardoso quanto Lula cooptaram e se agarram a pessoas que, na verdade, se identificam com esse interesse de tirar vantagenzinhas. Porque nenhum partido tem interesse de ver o PMDB crescer. Eles querem que o PMDB continue grande, com muita força, muito espaço eleitoral, mas que seja um partido de conveniência. E por que as bases não se revoltam?

 

Por quê?
Porque essas pessoas estão com o comando. O Geddel (Vieira Lima), com esse ministério (Integração Nacional) que ele tem na mão, ele manda na Bahia. Vê o exemplo do Simon e do Jarbas Vasconcelos. São pessoas que estão isoladas, não podem nem abrir a boca. Porque fizemos…”

 

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