CPI DA CORRUPÇÃO. Governo faz cara de paisagem. E risco se amplia, com novos áudios e vídeo

Não retirando dos governistas a legitimidade de assim agir (afinal o risco é bastante conhecido), tenho sérias dúvidas sobre a eficácia da estratégia de fazer cara de paisagem para a CPI da Corrupção, instalada na Assembléia Legislativa. Há instrumentos, aparentemente, até mesmo para manter tudo como está – mesmo que as bancadas que apóiam o Palácio Piratini consigam algum sucesso na aprovação do plano de trabalho (que, a rigor, não investiga coisa alguma) do relator Coffy Rodrigues.

O fato é que, desde que o enrosco começou, a oposição deita e rola com a apresentação de áudios de depoimentos prestados ao Ministério Público Federal e que compõem a ação de improbidade impetrada contra a governadora Yeda Crusius e outras oito figuras públicas gaúchas, a maioria delas ligadas à aliança agovernista.

Ontem, foi mais um espetáculo, com direito até mesmo a um vídeo, com o depoimento do ex-presidente do Detran, Sérgio Buchmann, e que, na melhor das hipóteses, cria grandes constrangimentos. Sobre as imagens e o áudio apresentados e outras manifestações na CPI, acompanhe reportagem distribuída pela Agência de Notícias da Assembléia Legislativa. O texto é de Micheli Limeira, com foto de Marco Couto. A seguir:

“Deputados analisam áudios e vídeo com depoimento de Sérgio Buchmann

A CPI da Corrupção, em reunião de quase duas horas nesta tarde (21), ouviu um conjunto de 10 áudios e um vídeo com o depoimento do ex-presidente do Detran, Sérgio Buchmann ao Ministério Público Federal (MPF). O vídeo e as gravações telefônicas foram entregues à presidente da Comissão, deputada Stela Farias (PT), pela juíza da 3ª Vara da Justiça Federal em Santa Maria, Simone Barbisan Fortes.  

Os áudios foram apresentados em três blocos de gravações. Por último, os parlamentares assistiram a um vídeo com parte do depoimento de Buchmann, em que ele relata pressões que teria sofrido enquanto presidiu a autarquia e detalha como se dava a distribuição do dinheiro desviado de contratos. Mais uma vez, não houve quórum para apreciar os requerimentos protocolados na secretaria da Comissão, já que os deputados da base governista não compareceram. 

Depoimento

A exibição de parte do depoimento de Sérgio Buchmann, na avaliação do deputado Paulo Borges (DEM), “derruba qualquer discurso de que a CPI trabalha com material requentado”. O depoimento foi concedido ao Ministério Público Federal, este ano, após Buchmann deixar o cargo de presidente do Detran. No vídeo, ele relata que foi ameaçado pelo secretário adjunto de Administração do Estado, Genilton Macedo Ribeiro, para “calar a boca”. O ex-presidente afirma que foi “absolutamente isolado” do governo.

O secretário adjunto também teria informado Buchmann sobre as mudanças na distribuição das supostas “propinas” pagas aos envolvidos na fraude do Detran, comunicando sobre a retirada de Lair Ferst do grupo de beneficiados.

O membro da CPI, deputado Gilmar Sossela (PDT), afirmou que o depoimento comprova a “praxe do governo de desqualificar pessoas” quando há interesse. Para a deputada Stela Farias, Buchmann explicita a pressão que recebeu para pagar a empresa Atento, beneficiada pelas fraudes nos contratos do Detran…”

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PARA SABER O QUE DIZEM OS CITADOS NOS ÁUDIOS CONFIRA REPORTAGEM publicada na versão online de Zero Hora.

SUGESTÃO ADICIONAL – confira aqui, se desejar, também outras reportagens produzidas e distribuídas pela Agência de Notícias da Assembléia Legislativa.