Em que medida a mídia nos afeta? – por Carine Prevedello
Longe de estar alinhada aos apocalípticos, ou frankfurtianos, que imaginam na mídia – ou na indústria cultural – uma forma de alienação e dominação praticamente absolutas, não posso deixar de concordar com a interferência da mídia no cotidiano de todos nós. A questão que move hoje boa parte dos pesquisadores em Comunicação Midiática – é o meu caso – trata de: é possível desvincular o ser humano de sua dimensão tecnológica?
Quando falamos em tecnologia, estamos falando – basicamente – da mediação dos aparelhos tecnológicos para as ações e relações humanas. Talvez tenhamos chegado a um momento-chave, paradigmático – e alguns teóricos falam em mudança de época histórica -, onde as relações humanas são mediadas constantemente. Os aparelhos de telefone celular alcançaram uma popularidade avassaladora, a internet avança até mesmo sobre as populações menos favorecidas socialmente, a televisão é – pelo menos no Brasil – o principal meio de comunicação, onde informação e entretenimento são oferecidos ao ponto de confundirem-se, e já não sabermos o que é conteúdo de interesse público ou privado.
As pesquisas acadêmicas que buscam investigar as formas de interferência, ou de afetação, da mídia sobre a sociedade, estruturam-se sobre diferentes prismas. Alguns estudos procuram avaliações de recepção – questionando diretamente os espectadores -, outras tentam interpretar os sentidos embutidos no discurso midiático, e há ainda as que enumeram fenômenos, buscando interligá-los e estabelecer relações entre eles – e as que preferem quantificar determinadas situações ou dados.
O fato é que, à exceção de algumas vertentes mais deterministas, quando falamos de efeitos da mídia sobre a sociedade, estamos falando de algo intangível. Algo que dificilmente pode ser medido com precisão, e que – por tratar-se de fenômeno social – está em mutação permanente. Por outro lado, é inevitável percebermos a infiltração maciça da mídia nas diferentes dimensões da vida, isso pode ser medido e avaliado. O que quer dizer, portanto, que a centralidade da legitimação contemporânea passa pela mídia. Desde a legitmação institucional até a pessoal, a imagem pública e privada, ambas são construídas através da mídia.
Faça um exercício, e avalie, desde o início do dia, a interpelação feita pelo rádio, pelo telefone, pela internet, pela publicidade nas ruas, pela televisão… e então talvez percebamos a medida a que chegou a dimensão tecnológica do ser humano. O que não quer dizer que não exista espaço para a negação e até mesmo a fuga de tudo isso. São movimentos evidentes. Falaremos deles no próximo artigo.
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