Até tu, Caetano? – por Gilson Piber
O músico e escritor baiano Caetano Veloso pisou na bola. Foi, no mínimo, indelicado e deselegante com o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao chamá-lo de analfabeto, cafona e grosseiro em entrevista recente ao jornal O Estado de São Paulo. Caetano tem todo o direito de criticar Lula e seu governo, mas não precisava baixar o nível.
Caetano agiu como age a preconceituosa elite brasileira e parte da classe média, que não admitem ver um operário nordestino com a quarta série primária mudar a cara do Brasil para melhor. O governo Lula não é perfeito, mas o país teve significativos avanços sociais. O Brasil recuperou a autoestima e passou a ser respeitado no exterior. A economia brasileira também reagiu bem diante da crise internacional.
Caetano poderia soltar a língua para falar sobre o Programa de Aceleração do Crescimento. Neste ano, foram aplicados R$ 98,5 bilhões no PAC, que envolve o monitoramento de 2.392 ações, sem contar saneamento e habitação. Em agosto de 2009, 22% das obras estavam concluídas, 70% com andamento adequado, 7% em situação de atenção e 1% com ritmo de execução preocupante, pelo critério de valor. Por quantidade, eram 39% concluídas, 52% adequadas, 7% em atenção e 2% preocupantes.
O irmão de Maria Bethânia poderia abordar o êxito do Programa Bolsa Família, que atende mais de 11 milhões de famílias em todos os municípios brasileiros. Estudos mostram que o programa está bem focalizado, ou seja, efetivamente chega às famílias que dele necessitam e que atendem aos critérios da lei; contribui de forma significativa para a redução da extrema pobreza e da desigualdade, bem como para a melhoria da situação alimentar e nutricional das famílias beneficiárias.
O ex-integrante dos Doces Bárbaros poderia enfatizar a sanção da lei que criou, recentemente, a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), em Santarém, e de mais dois projetos que estão tramitando no Congresso para criar as universidades federais de Integração Latino-Americana, em Foz do Iguaçu (PR), e Luso-Afro-Brasileira (Unilab), em Redenção (CE). Se os parlamentares aprovarem as duas propostas, o número de universidades federais criadas somente no governo Lula chegará a 14.
Mas Caetano preferiu “bater” em Lula. Como diz aquele sujeito do boteco: “Ninguém bate em cachorro morto”. Nem mesmo Caetano Emanuel Viana Teles Veloso, 67 anos, filho de Seu Zezinho, que foi funcionário público dos Correios, e de Dona Canô.
Gilson Piber – [email protected]
Gilson, Caetano poderia ficar quieto, seria bem melhor. Mas se ele ficasse quieto, não seria ele. E outra, muito menos seria ele se não falasse essa bobagem, para não dizer outra coisa. Mas como disse o Sérgio, acima, admiro-me que ainda tem gente que entrevista ele. Sobre o que o governo fez ou deixou de fazer, ele poderia, sim, criticar a vontade, mas criticar a pessoa do presidente, bom, é muita infelicidade e imbecilidade. Abraço, Gilson.
Me admiro que alguém ainda entreviste o Caetana para ele discorrer sobre política. É uma frase anti-democrática, da crítica pela crítica, uma frase preconceituosa, para resumir.
O Gilson Piber pegou bem:”Ninguém bate em cachorro morto”. O “Tropicaliente Caê” tem medo da velhice e do esquecimento e, como dizem por aí, só os fortes envelhecem. E de mais a mais deve estar louquinho para, de novo, se auto exilar em Londres (tal como FHC no Chile) e pedir para Roberto fazer outra versão dos cabelos encaracolados.
Olha Claudemir!
Sou de uma geração já mais vivida e sem medo de errar, posso dizer que nem sempre no andar da carroça as melancias se ajeitam, um dia a mascara cai…
Não me espanta essa posição do Caê!
Enquanto vivíamos os anos armados aqui no Brasil, ele transitava pelas ruas de Londres, dedilhava seu violão e pelos cafés, saboreava o chá das 5.
Ele é o resultado de algumas contradições políticas que aconteceram por aqui, e, que na sua volta do “exílio”, deixaram-no na condição de um mito inatingível, mas como mitos soçobram…
Esperar o quê então!