O Eco-Chato – por Rogério Koff
Na semana passada, falei sobre meus amigos cavalos. Opa! Corrijo: na semana passada, falei sobre os cavalos, meus amigos. Hoje falaremos sobre bois e ruminantes em geral. Já vou logo avisando: a proximidade dos meus cinquenta anos (só em 2012, está certo) está me transformando progressivamente em um Eco-Chato. Ora, se existem os metaleiros, os nerds e os emos, dentre tantos outros, também tenho o direito de formar minha própria tribo urbana. Então está feito, sou mesmo um Eco-Chato. E juro que não foi culpa nem influência do Paul McCartney. Deixem meu beatle preferido fora desta contenda.
Mas vamos aos bois. Estudos recentes revelam que a pecuária é responsável por grande parte da emissão de gás metano, que teria mais potencial na produção do efeito estufa do que o dióxido de carbono. Como acontece? Os animais ruminantes (bois, cabras e ovelhas) liberam o gás metano durante seu processo digestivo. Problema de gases, tudo indica. Parece engraçado, não fosse trágico, visto que o metano é responsável por quinze por cento do aquecimento global.
Outro fator determinante que relaciona a pecuária às mudanças climáticas é o desmatamento de florestas para criação de pastagens. Ecologistas e vegetarianos têm defendido a redução do consumo de carne no planeta como forma legítima de combate ao efeito estufa. Campanhas como as das “segundas-feiras sem carne” ganham força na Europa e nos Estados Unidos.
A falência dos regimes totalitários no planeta, marcada pelos vinte anos da queda do Muro de Berlim mostrou que, no mundo globalizado, as grandes revoluções dependem única e exclusivamente da postura dos consumidores. É em nossa relação com o consumo que podemos transformar nossas vidas. Convenhamos: isto não é pouco. Abrir mão do bife suculento, portanto, passa a ser uma ação política. De minha parte, já faz um ano que não como carne. Não sou vegetariano radical porque como peixe e derivados animais, como queijo, leite e ovos. Sou “ovo-lacteo-alguma coisa”, diz meu amigo, o Mestre Guina. Mas nada de bife, churrasco, nem mesmo carne de frango. No Natal, nada de peru. Falando sério, não sinto a mínima falta, porque aquela carne seca de peru não tinha mesmo gosto de nada. Na ceia, fico com lasanha de salmão ou torta de bacalhau. E salada, muita salada. Tenho sentido os efeitos benéficos para minha saúde e dado minha humilde contribuição para… salvar o planeta!!! Pretensioso? Pode ser, mas minha decisão também está relacionada a tudo o que disse na semana passada sobre a defesa dos animais.
Então, não sou mesmo um Eco-Chato? Mas creio estar no caminho certo. E, se o leitor não quer abrir mão de um bife suculento ou um churrasquinho no final de semana, pode aderir às segundas-feiras sem carne. Já é um começo e uma grande forma de exercer sua cidadania. Volto na próxima semana, quem sabe falando sobre ovelhas…
Olá Rogério, como vais?
Belo texto este teu.
Um nutricionista talvez classificasse os hábitos alimentares de você e da lúcia em uma destas categorias: ovolactovegetarianismo, lactovegetarianismo ou ovovegetarianismo.
Eu inventei para vocês o neologismo “ovolactopeixiano”
Abraços
Guina