ECONOMIA SOLIDÁRIA. Seminário sobre sistema financeiro atrai a atenção na Feira e no Fórum Social
O material a seguir foi produzido pela assessoria de imprensa do 1° Fórum Social Mundial e da 1ª Feira Mundial da Economia Solidária. Texto e foto são da jornalista Daiani Ferrari. Confira:
“Novas práticas financeiras e de consumo para combater o neoliberalismo
Os cinco grandes seminários, realizados desde o início da manhã de hoje, levaram muitas pessoas em busca de troca de experiências, informações e espaços para discussão, durante o 1º Fórum Social e 1ª Feira Mundial de Economia Solidária, realizada em Santa Maria, desde ontem. A maioria das atividades está concentrada no Centro de Referência em Economia Solidária Dom Ivo Lorscheiter. Os seminários estão acontecendo em espaços organizados no Parque da Medianeira, cada um com o nome de um continente.
Em uma mesa redonda do eixo 1, com tema “Construindo um sistema financeiro solidário”, estiveram reunidos Heloisa Primavera, da Argentina, falando sobre moedas sociais na América Latina, Miguel Yasuyuki, Rogério Dalló, da Coolacot, apresentando sua experiência de cooperativas de crédito, e ainda relatos sobre as trocas solidarias no Rio Grande do Sul e as finanças solidárias. Daniel Tygel, do Fórum Brasileiro de Economia Solidária comentou que da atividade serão tiradas contribuições e propostas para a assembleia geral do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, na próxima semana.
No Brasil o tema é vasto e se manifesta, não somente com as demandas de crédito, mas também pensa as ferramentas para a concretização do crédito. O sistema solidário apresenta dois braços, um sistema nacional de crédito, que não sejam apenas feitas concessões alternativas, mas um sistema unificado que leve em consideração também a vida que as pessoas beneficiadas levam. O segundo eixo seria que os sistemas financeiros não podem estar relacionados somente aos bancos, que os instrumentos os quais as pessoas podem se beneficiar sejam repensados.
Segundo Tygel, são cinco as ferramentas que podem ser utilizadas dentro de um sistema financeiro solidário: as cooperativas solidárias, os bancos comunitários, os fundos rotativos, as redes de trocas e o microcrédito solidário, com uma lógica coletiva, representando desenvolvimento de um grupo, não somente de um indivíduo. No contexto brasileiro, Tygel descreve um exemplo em que as finanças do Estado, enquanto nação foram aplicados de forma solidária. Em 2003, quando nos cofres da Caixa Econômica Federal sobraram R$360 milhões, este dinheiro acabou sendo aplicado em fundos para a habitação no país, situação conquistada através da articulação de movimentos sociais e mobilização.
A atividade serve como um termômetro para vivenciar o cenário, as dificuldades e o que deve ser feito para que se tenha um novo sistema financeiro. “Temos que ter uma visão do contexto, ver nossa atuação. Precisamos de propostas, para nós, para nossa atuação, mas também propostas que vamos levar para o FSM e para o mundo”, definiu Tygel. Miguel Yasuyuki, japonês que trabalha na construção de sistemas utilizando moedas complementares, salientou que esse tipo de moeda já pode ser encontrado em países da América do Sul, como o Brasil, México, Nova Zelândia, Espanha, Portugal, entre outros.
Ele ainda demonstrou o porquê do sistema financeiro atual ser realizado de forma injusta, pois o crédito é emitido como se fosse uma dívida, que comunidade, tampouco governos, podem controlar seu próprio meio de intercâmbio. “É uma distribuição injusta do dinheiro”, sobre isso citou o pensamento de George Soros, empresário e homem de negócios norte-americano, que diz que a distribuição do dinheiro é injusta no mundo. “o comércio global é bom em gerar riqueza, mas não pode cuidar das necessidades sociais dos povos”.
No lonão América, integrantes do Levante da Juventude e empreendedores da economia solidária discutiam sobre a construção de uma soberania alimentar, nutricional e sustentavel. Sobre isso, Julian Perez foi enfático ao dizer que na produção de sementes, 67% vem de apenas dez empresas em todo mundo e isso é fator de dependência, o que interfere nas reservas alimentares mundiais. A reflexão dessa realidade é um dos pilares importantes para a construção dessa soberania alimentar. “A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) recomenda que as nações tenham um estoque de alimentos por 120 dias, mas hoje o número não chega a 70 dias”, salientou Perez, que é integrante do Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar.. Ele atribui essa realidade aos Estados que deixam a responsabilidade dessa regulação para as empresas.
Ainda aconteceram, neste sábado, os “Seminário internacional de educação, cultura e economia solidária: perspectivas para um outro modelo de desenvolvimento, no espaço África, “Construindo uma integração solidária internacional”, no Ásia, e o “Construindo produção, comercialização e consumo solidários”, no espaço Oceania. Todos os temas debatidos servirão de base para a construção de uma carta de princípios e propostas dessa primeira edição do Fórum Social de Economia Solidária.”
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