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DAY AFTER. O que significa o desembarque do PMDB e, especialmente, os riscos que Temer decidiu enfrentar

“A busca do poder exige que um político corra riscos, e (Michel) Temer decidiu enfrentá-los”
“A busca do poder exige que um político corra riscos, e (Michel) Temer decidiu enfrentá-los”

Por TEREZA CRUVINEL, colunista política de várias publicações 

Muitos foram os peemedebistas que lhe ofereceram os fósforos mas houve também o que fizeram advertências sobre o que ele enfrentará se for empossado.

Com o rompimento do PMDB, o impeachment de Dilma torna-se mais provável. O governo, pescando no varejo, pode garantir no máximo uns 15 votos de pemedebistas. Mas, para além dos votos contra o impeachment, há o efeito político sobre outros partidos e parlamentares.

A partir de hoje, Temer estará à vontade para articular a maioria de 342 votos necessários à aprovação do impeachment na Câmara, o que passa pela negociação com outras siglas sobre a composição de seu eventual governo.  Os ministros do PMDB terão até o dia 12 para pedir demissão, mas Henrique Alves, do Turismo, demitiu-se ontem. Afora os sete ministros, mais de  500 peemedebistas ocupam cargos no governo federal e eles serão um primeiro problema para Michel, que precisará lhes garantir a permanência em seu eventual governo, embora vá ter que dividi-lo com o PSDB, o DEM e outros partidos da oposição. Mas isso são ninharias que o fisiologismo resolve.

Mais complicado, se o impeachment, passar, será governar. Se a Câmara autorizar a abertura do processo contra Dilma na primeira quinzena de abril, o Senado ainda terá que aceitar ou não a instauração do processo.  Decisão por maioria simples de 41 votos, algo mais tangível para o Planalto. Mas se o governo for novamente derrotado nesta segunda chance, Dilma será afastada do cargo inicialmente pelo prazo máximo de 180 dias, até que o Senado conclua o julgamento. Nesta fase, Michel será presidente interino. Terá que formar um governo provisório com as forças que apoiaram o impeachment e sob o signo da provisoriedade terá que lidar com a crise econômica e com a reação das ruas.

Seu governo provisório, diferentemente do de Itamar Franco nesta mesma fase, não contará com a boa vontade geral, muito pelo contrário, disse-lhe um amigo contrário ao rompimento. Será infernizado pelos defensores de Dilma, que continuarão nas ruas com a campanha “não vai ter golpe”.  Um aviso neste sentido foi dado com todas as letras nesta segunda-feira pelo líder do governo no Senado, Humberto Costa, em discurso na tribuna. E, diferentemente do que houve com Itamar, Temer terá oposição no Congresso, ainda que formada apenas pelos partidos fechados com Dilma, PT, PC do B e PDT. Com Itamar, mesmo não participando do governo, PT e esquerdas baixaram as armas e colaboraram.

O PSDB, que nunca gostou do PMDB (que renegou ao romper para fundar a nova sigla), vai sentir-se o portador da vontade política que resultou no impeachment, exigindo uma hegemonia conflitante  no eventual governo.

E para a História, ainda que o STF venha a homologar a acusação apresentada contra Dilma, a de que as pedaladas fiscais, prática corrente em toda as federação, constituem crime de responsabilidade,  ficarão registrados os ecos do “não vai ter golpe”,  a resistência dos movimentos sociais, a divisão do país e do meio jurídico. Para a história e para a biografia de Temer.

A busca do poder exige que um político corra riscos, e Temer decidiu enfrentá-los. Bem maiores, porém, serão as consequências da ferida para a democracia brasileira e da turbulência para o conjunto dos brasileiros.

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Um Comentário

  1. Coluna original no Brasil 247, mais chapa branca impossível. "Uma das mais respeitadas jornalistas políticas do país" (cá para nós, se fosse não precisava ficar lembrando) esqueceu de mencionar que existe a possibilidade do governo apelar para o STF em algum momento durante o processo de impeachment (resultados imprevisíveis).
    A tática varia entre o "não vai mudar nada" até o "se Dilma cair, o bicho-papão vai pegar".
    Bueno, e se Dilma não cair? Nelson Barbosa já falou em 50 bilhões de superavit, que virou "meta variável", que virou algo como 100 bilhões de déficit. A vaca ainda não chegou no brejo, mas quando chegar lá vai ser difícil de tirar.
    Resumo: não existe cenário "bom". E tem Zé Mané, que se acha muito esperto, que ainda acha que "é tudo combinado".
    Enquanto isto, senador petista da Bahia pede desfiliação do partido.

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