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Semântica, pragmática e discurso – por Gilson Piber

Não sou um pensador, muito menos sirvo para intelectual. Sou apenas um jornalista formado pela UFSM e atuo como professor na área de radiojornalismo na Unifra. São duas funções que tratam com pessoas de todas as idades. Fui buscar, na minha humilde dissertação de mestrado concluída na Unisul, campus da Pedra Branca, em Palhoça (SC), algo sobre semântica, pragmática e discurso. O assunto, para alguns, pode ser chato. Mas, para outros, pode ser interessante.

O relacionamento do homem tanto com a natureza quanto com os seus semelhantes é mediatizado por símbolos; em outras palavras, as relações homem-natureza e homem-homem se estruturam simbolicamente. Ora, ao passo que o relacionamento entre o homem e a linguagem como representação do mundo é tratado à luz da Semântica, a interação social do homem na e pela linguagem constitui objeto de estudo da Pragmática. (KOCH, 1984, p.19) De acordo com Van Dijk (1992), a semântica faz parte de uma teoria semiótica mais ampla sobre o comportamento significativo e simbólico. O tipo de interpretação pela qual significados são atribuídos a expressões é geralmente chamada “intensional”. Além dessas interpretações intensionais, temos também as interpretações extensionais, as quais dependem (são uma função) das interpretações intensionais: expressões com um dado significado podem referir ou denotar algum objeto ou propriedade “no mundo”.

Para sermos capazes de interpretar um discurso, isto é, atribuir-lhe significado e referência, segundo Van Dijk, precisamos também de uma avaliação substancial do conhecimento do mundo e este conhecimento pode ser só parcialmente especificado no interior da linguística ou da gramática, precisamente, no léxico. Ele observa que uma teoria pragmática especificará se tais fatos são parte de um mundo possível dado ou não, se um ato desses será ou deveria ser produzido, levando-se em conta o ato de fala realizado, quando o discurso é usado e proferido em algum contexto social específico.

Um discurso não é apenas um conjunto de sentenças, mas uma seqüência ordenada, com condicionamentos convencionais sobre as estruturas de fato, por exemplo, episódios. Há regras e estratégias para ordenar as sentenças e expressar relações de espaço, de tempo e de condição entre proposições e fatos. A coerência deve sempre ser definida em termos de proposições completas e de fatos por elas denotados, e que é relativa ao conhecimento do mundo que o falante e ou ouvinte têm.

Para cada sentença do discurso, tanto quanto para o discurso como um todo, deve ser indicado ao ouvinte, tanto no nível semântico quanto no nível da estrutura de superfície, como cada sentença se relaciona com as sentenças anteriores e, possivelmente, com as posteriores, como a informação de cada sentença se vincula à informação de outras sentenças, e que informação é pressuposta (pelo falante ou escritor) da parte do ouvinte ou do leitor, a respeito do contexto e do mundo. Assim, em cada ponto do discurso, deve haver, pelo menos, uma nova informação.

Na avaliação de Chaparro (2007), o tripé das vertentes básicas que a Semiologia criou e desenvolveu é composto pela Pragmática, a Sintática e a Semântica. Na síntese de Van Dijk, a Pragmática é o ramo da ciência que se dedica à “análise das funções dos enunciados linguísticos e de suas características nos processos sociais”. Por sua vez, Lamiquiz a considera “o fenômeno das relações dos elementos discursivos com os usuários, produtor e interpretador do enunciado”.

Para Chaparro, independente das duas definições, as propriedades pragmáticas da mensagem dependem das experiências anteriores de emissor e receptor, e de suas circunstâncias atuais. Ele observa que “o jornalismo tem na Pragmática o canal de conexão com o saber e a erudição da Linguística que, ao lado da Sociologia, pode ser considerada a ciência-mãe da Comunicação”.

Chaparro acrescenta que “um mergulho a essas raízes ajudará a dar consistência científica ao entendimento e ao desenvolvimento do jornalismo enquanto narração da atualidade para alimentar processos sociais”. Ele observa que, enquanto processo social de comunicação, o jornalismo situa-se no campo da Pragmática. E na Pragmática, mais do que na Semântica, deverá encontrar fundamentações teóricas essenciais, para ser pensado, realizado, compreendido e aperfeiçoado.

O termo pragmática, etimologicamente, origina-se do grego pragmatikós, relativo aos atos que devem ser feitos. Como ciência, deriva do Pragmatismo, doutrina filosófica criada por Charles Sanders Peirce (1839-1914), também considerado o pai da Semiologia ou Semiótica. De acordo com Cançado (2005), “Semântica é o estudo do significado das línguas”. A habilidade linguística é baseada em um conhecimento específico que o falante tem sobre a língua e a linguagem. Tal conhecimento da língua passa pela gramática, um sistema de regras e/ou princípios que governam o uso dos signos da língua. O falante possui diferentes tipos de conhecimento em sua gramática: o vocabulário adquirido, como pronunciar as palavras, como construir as sentenças e como entender o significado das palavras e das sentenças.

A descrição linguística tem diferentes níveis de análise: o léxico, como conjunto de palavras de uma língua; a fonologia, que estuda os sons de uma língua e como se combinam para formar as palavras; a morfologia, que estuda a construção das palavras; a sintaxe, que estuda como as palavras podem ser combinadas em sentenças; e a semântica, que estuda o significado das palavras e das sentenças.

O semanticista busca descrever o conhecimento semântico que o falante tem da sua língua. A semântica não pode ser estudada somente como a interpretação de um sistema abstrato, mas também tem que ser estudada como um sistema que interage com outros sistemas, no processo da comunicação e expressão dos pensamentos humanos.

Ofereço o texto ao amigo e jornalista Claudemir Pereira, a quem considero um profissional honesto, competente, responsável e bem-intencionado, entre outras qualificações. A semântica, a pragmática e o discurso, efetivamente, têm diferentes análises. Ainda bem.

Gilson Piber – [email protected]

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