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Era uma vez… – por Alice Elaine Teixeira de Oliveira

aliceEra uma vez uma linda menina de cabelos encaracolados e pele dourada. Uma gata borralheira que vivia em um castelo de cartas e debaixo dos desmandos de uma Rainha de Copas. Era doce e bela, tão bela e doce quanto suas outras irmãs. Seu pai se fora, havia sido o Senhor de um Reino distante, porém o tempo breve em que esteve junto a ela gravou em seu coração a coroa de sua majestade. Porém, este não é um conto de fadas, ou uma história contada para iludir crianças e adultos de que a vida é fácil ou que sempre a mocinha ou a princesinha terá um final feliz. É uma história real!

A linda menina era mesmo muito linda, tão linda por fora como era em seu íntimo. Fazia planos para ser feliz, ter uma carreira, uma família, um futuro. Porém, logo cedo, na sua história ela sofreu a perda do pai, machucou-se feio nos esportes, feriu profundamente seu coração. Cresceu com os sentimentos feridos, com a fé abalada, com as chances de sucesso reduzidas por quem deveria ter lhe dado força e confiança. Por muito tempo não acreditou em si mesma.

A menina tornou-se mãe, mulher e avó. Chorou por não saber o que fazer com as responsabilidades que lhe atropelavam sem piedade. Quantas vezes não conseguiu ver uma saída e com sua alma derrotada desejou e tentou conversar com a morte. Mas, de alguma maneira ela vencia sua dor. Doía-lhe a mente, o estômago, a perna. Tentou e tentou. Lutou por uma chance, um lugar ao sol! Estudou, trabalhou, batalhou por seus sonhos, mas a dureza da existência sempre parecia mais forte que ela.

Nem só de tempestades se fazem as estações, e então o sol parece que enfim surge em seu horizonte. Ela conhece àquele que junta e cola seus cacos, o Príncipe que a compreende e escuta, que a defende e lhe dá o apoio, uma vida tão segura quanto ela sempre desejou usufruir. Ele foi a recompensa de tantas pelejas, e agora este amor era dela. Ele não lhe negava carinho, nem afeto, nem atenção. Ele a mimava como uma gatinha de colo. Vestia-lhe de flores e sapatos de cristal. A voz dele era o refúgio, seus olhos o mar no qual ela sempre quis navegar, e seu abraço era o seu lar. Podia usufruir de uma família linda. Suas filhas eram, entre tantas, as mais belas. Todos que a amavam estavam felizes com a felicidade dela. Ela estava radiante como uma cinderela…

Infelizmente a realidade não é um carrossel de cavalinhos mansos, assemelha-se mais a uma montanha russa antiga e rangente e neste ínterim os carrinhos descarrilam, as vezes… A moeda jogada ao alto muda a face e do dia para a noite as coisas se transformam. O milagre se reverte e o que era vinho torna-se água. Seus dias de Princesa Encantada e Liberta se findam. Uma moléstia assola a saúde de seu valente e sedutor amante fazendo com que ela volte a lembrar-se da lutadora que sempre foi. Ela se torna as pernas dele, embora nem a ela mesma lhe sejam firmes. Ela se transforma em fortaleza para ele, seu arrimo e sua presença é de extrema importância para a tranquilidade dele. Como se não bastasse a preocupação com ele a menina de seus olhos é também ameaçada. Um coração tão frágil quanto um suspiro. A dor é quase que insuportável e lateja sem parar. Ela sente o peso da vida outra vez sobre seus ombros e quadril.

Hoje, esta maravilhosa mulher de cabelos enrolados e pele dourada sabe que, por algum tempo ainda, precisa suportar a carga e pressão das responsabilidades que os ventos do tempo e imprevisto lhe trouxeram e ela aceita sua história com lágrimas e sorrisos, ainda tem bom humor. Ela vê em cada superação dele, seu amado, um motivo para comemorar, no entanto, eu sei que quando chega à noite, ela chora, que não dorme tranquilamente sentindo dores e que ela suspira vendo o sofrimento de seu amado, sei que ela pede à Deus que as coisas mudem outra vez e que ela aguente o repuxo do que está por vir. Porém, também sei que ela tem esperança, que ela tem amigos, tem irmãos, que ela sabe que é forte e que eu a amo!

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