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Não custa lembrar. Corrupto não é pobre ou iletrado. Como, então, seria deles a culpa?

Confira a seguir nota publicada na tarde de 5 de setembro de 2006, uma terça-feira:

“Um voto ‘melhor’. Olha o preconceito aí, gente!

O “seu” Assis, meu pai, estudou até o 5º ano primário (quem passou dos 40, nem precisa ser muito mais, sabe o que é). Tem mais conhecimento de matemática, por exemplo, do que muita gente boa. Não lê jornais, exceto lááááá de vez em quando. Vê o Jornal Nacional. Ouve rádio, ouve muito rádio. E está sempre muitissimamente bem informado.

Lembro de, quando criança (faaaaz teeeempo), vê-lo e escutá-lo conversando com vizinhos e parentes (era um tempo em que criança só podia fazer isso: prestar atenção, sem interferir) sobre uma série de assuntos. Inclusive, ou especialmente, política. Às vésperas de eleições, então, eu me embebia da sabedoria dele, e de seus amigos. Discutiam tudo: da inflação à tortura (sim, porque era época da ditadura mais braba – que alguns ainda teimam em dizer que era um “tempo bom”) – do salário deles à falta de salário do vereadores (naquela época, não havia subsídios, férias e outros quetais). Nada era deixado de lado, proibição era proibida, para relembrar Caetano, outro que, brilho artístico a parte, anda meio esquecido daqueles tempos.

Dois detalhes: falavam baixinho, muuuito baixinho, que ferroviário falar alto àquela época poderia significar acordar sem ver o sol e o próprio emprego. E não tinham “instrução superior”, looonge disso. Mas eram politizados, oh, se eram.

A pergunta é: quem raios diz que pobre e sem “estudo” não discute e, portanto, escolhe “pior” seus candidatos? Isso é tese de, para usar outra expressão meio antiga, “pequeno burguês” que vive às custas do Estado. Pobre, e sem grau superior, não é necessariamente despolitizado. Acredite!

A única, repito, a úúúúnica diferença, são os interesses. Enquanto os na faculdade ou recém saídos dela estão preocupados porque correm o risco de perder o conforto da classe média, aqueles querem só uma vida digna. Só, entre aspas. O resto, gente, o resto é tudo preconceito
…”

Para ler a nota na íntegra, inclusive uma reportagem publicada naquele dia no Diário de Santa Maria, com as opiniões carregadas do preconceito criticado por este site, clique aqui.

 

PASSADOS EXATAMENTE 17 MESES, e a menos de nove do próximo pleito, agora municipal, não custa nada deixar sempre claro que não é exatamente o nível social que determina a “qualidade” do voto. Inclusive porque, cá entre nós, 11 em 10 denunciados por falcatruas, em que espaço geográfico for, são gente pra lá de abonada. Ou, na “pior” das hipóteses, remediada. Então, culpar os pobres e os sem instrução formal pelos males do País, cá entre nós, mais que preconceito, está no caminho da cafajestada. Inclusive intelectual.

 

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