Sedução tecnológica – por Máucio
Nunca fui um aficionado pelas novas tecnologias, sou daqueles que sabem que elas surgem, mas não saem correndo atrás para provar os últimos lançamentos. No meu trabalho, por exemplo, devo ter sido um dos últimos a adquirir um PC. A era da informática para mim, acho que começou uns três anos depois da parceria.
Lembro de ouvir meus colegas entusiasmados nos corredores falando em hardware, software, programas e eu passando ao lado. Um dia um deles, me vendo parado só ouvindo, quis me colocar na conversa e perguntou se eu já possuía um micro e que tipo ele era. Respondi de pronto: tenho sim, é um Brastemp. Uns silenciaram, outros esboçaram um sorriso. Claro que depois, mais tarde, entrei na era digital.
O celular também entrou na minha vida lentamente. Não percebia muito a necessidade de tê-lo. Até que um dia chegou a antevéspera de um Encontro Estadual do qual eu era o coordenador. Imaginei que as pessoas começariam a chegar de várias cidades em dias e horários diferentes, muito provavelmente precisariam obter informações comigo, sobre a programação, hotéis, etc. Imediatamente providenciei um aparelho. Mais preocupado com os visitantes do que comigo propriamente dito. Na verdade o que estou dizendo é óbvio, afinal de contas ninguém compra um telefone para falar consigo mesmo, não é?
Pensando bem, nem sei como as pessoas eram capazes de organizar eventos antigamente, sem Internet e sem celular. Mas organizavam!
O certo é que eu e quase todos nós, aos poucos, vamos rendendo-nos às novidades. Não vejo nenhum sentido, todavia, ficar trocando toda hora de tecnologia pelo simples fato dela estar desatualizada e muito menos apenas para dar sinais de poder aquisitivo. Arg! No entanto uma armadilha me pegou distraído esta semana. Eu havia trocado de celular, não fazia cinco meses, por absoluta necessidade, o teclado do aparelho começou a perder os números e isso já começara a causar transtornos. Troquei por um novinho em folha, o mais barato que encontrei. Com essa atitude estava preparado para tê-lo por uns quatro ou cindo anos. Ledo engano. Dias atrás minha amiga Carla, artista plástica, me mostrou seu celular novo, ele vinha acompanhado de uma canetinha digital que dava pra desenhar na tela.
Bem, é isso mesmo que vocês estão pensando. Fiquei fissurado! Um modelo que poderia usar para desenhar! Credo! Eu posso desenhar agora o que eu quiser, na hora que quiser, onde eu estiver, basta estar com meu celular – que já faz parte do meu corpo. Não precisarei mais ficar procurando um papelzinho, nem uma caneta que escreva. O fato de poder falar no aparelho passou a ser até secundário.
A sedução tecnológica acabara de tocar-me em algo sagrado e absolutamente essencial para mim, o desenho. É assim que o marketing consumista age. Ataca nossa emocionalidade. O que varia é onde as pessoas colocam suas emoções.
Concordo com a Cris.
Escrevo e nada substitui o papel, claro que a comodidade de ter um celular ou um note em qualquer lugar onde se esteja é ótimo, mas e se um vírus me pega? Isso já me aconteceu.
Perdi muitas coisas, coisas que procuro nem mesmo pensar a respeito porque fico morrendo de raiva.
Claro que há soluções. Fez algo: imprima, salve, envie, guarde em um pendrive ou num hardware diferente.
O caso é que tudo isso é falivel, e nos esquecemos disso.
É muito bom ter tecnologia e, apesar de ter nascido no meio dessa revolução tecnológica, também tenho meus receios.
Mas é melhor não falar muito, pelo jeito por aqui, ter opinião causa mais conflito do que o texto em si, não?
hummm… interessante!
Mas como vais ‘doar’ teus desenhos? Doando também o celular? Enviando por torpedo e a pessoa não podendo pegá-lo, cheirá-lo?
Eu fico meio com medo dessa tecnologia que nos arrebata. Ei-la… não podemos negar, mas, confesso: tenho muito medo!
Nossas memórias depositadas em desenhos ganhos na páscoa… iriam por água abaixo?
Somos o que guardamos. Somos o que vivemos.
Ainda gosto de guardar papéis com desenhos queridos recebidos de pessoas queridas!
Pronto!
Um beijo,
Cris