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DEMOCRACIA? Acreditar no “Clube Militar”? Só mesmo quem não conhece a história

O ótimo Ricardo Setti pode (bem, vá que seja) significar uma mudança (para os tempos que vêm?) da ex-revista Veja. O veterano, competente e atilado profissional começou a escrever uma coluna na semana passada, na versão online. Além de atuação no próprio grupo Abril, por muito tempo, também, entre outras funções as de editor-chefe d’O Estado de S. Paulo e de diretor regional do Jornal do Brasil em São Paulo.

Olha só, para ter uma idéia do pensamento (e das informações) de Setti, a nota abaixo. Ele, que tanto quanto este (nem sempre) humilde repórter, tem memória, deixa-a escorrer pelo texto, com muita propriedade. A seguir:

O Clube Militar, quem diria?

O Clube Militar, do Rio, preocupado com a democracia, debatendo o “controle da mídia e da cultura”, falando de “aparelhamento do Estado”.

O Clube Militar, para quem sabe esclarecer os mais jovens e refrescar a memória dos nem tanto, revelou-se, em boa parte de sua história, iniciada em 1887, um foco de golpismo e de conspiração contra a democracia. Nos anos 50, a cada reunião realizada, a República tremia.

Nos anos 60, ali se tramou parte do golpe de 1964 e, ao longo da ditadura, se defendeu todo tipo de endurecimento do regime.

A instituição, no entanto, começara bem: seus primeiros dirigentes eram abolicionistas num país escravocrata e republicanos sob uma monarquia em declínio.

A primeira diretoria abrigava nomes venerandos e vetustos que encontramos nos livros de História ou em placas de rua: o general (depois marechal) Deodoro da Fonseca, futuro primeiro presidente da República, Custódio de Mello, Benjamin Constant.

Hoje sem a menor importância na ordem das coisas de um Brasil mais maduro, com uma sociedade mais vigorosa e mais participante, imprensa, sindicatos e ONGs livres, os generais, almirante e brigadeiros de pijama podem dar-se ao luxo de preocupar-se com uma democracia que, se dependesse de muitos de seus antecessores, não existiria.”

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