Esses tucanos… Sofisticação nos hábitos. Mas o que não falta é canelada. Civilizada, claro

As luvas podem até ser de pelica. Os hábitos, senador Arthur Virgílio a parte, são normalmente sofisticados e cheios de salamaleques verbais. As palavras, então, exalam (se isso é possível) delicadeza e afabilidade. Tudo, mas tudo mesmo, jogo de cena.

 

A verdade é que a brigalhada é grande. Tanto quanto, não é demais lembrar, em qualquer outro partido envolvido em luta interna pelo poder. A canelada, ou que nome se lhe dê, é a mesma. E dói. Principalmente nos que são atingidos pelo golpe.

 

Pois não é que agora, para ficar no caso concreto, Geraldo Alckmin, que levou uma sova eleitoral de Luiz Inácio Lula da Silva no ano passado, e que até as pedras sabem era o regra três na hierarquia tucana de presidenciáveis, volta cheio de planos – depois de uma pressurosa passagem como aluno convidado em Harvard, nos “states”.

 

Decidiu, o ex-governador paulista, que quer ser candidato a Presidente da República outra vez. E sem Lula como concorrente, o que torna tudo, no mínimo, menos difícil. Mas, antes, tem que viabilizar-se. O que só conseguirá se for candidato, e vencer, a prefeito de São Paulo.

 

Problema: José Serra, que só pensa em 2010, não quer vitaminar seu colega. E tem o apoio da vestal, no caso o presidente de honra do tucanato (e ex-da República), Fernando Henrique Cardoso. E tem uma fornida bancada federal a lhe dar sustentação, inclusive o líder do partido na Câmara dos Deputados, Antonio Panunzzio.

 

Solução? Aliar-se a Tasso Jereissati, atual presidente nacional do PSDB, e a Aécio Neves, outro que só pensa em ficar no lugar de Lula, quando este sair. E até não desconsidera a possibilidade ser apoiado pelo próprio.

 

Como isso vai terminar? Não sei. Aliás, ninguém sabe. No máximo torce. O que deve ser o caso de outros tucanos sem poder algum, no partido. Quanto a mim, só não tenho uma dúvida: as palavras continuarão sendo medidas até o limite do cavalheirismo. Que, porém, como é sabido, existe. No caso, o limite.

 

SUGESTÃO DE LEITURA – confira a nota “Geraldo Alckmin empareda Serra”, publicada na coluna “Informe JB”, do Jornal do Brasil, editada por Tales Faria.