Não ao preconceito – por Daiani Ferrari
Cada vez que vou a farmácia comprar remédio, quando peço o remédio e digo para que é, sinto que me olham com uma cara de espanto, pena ou de quem procura feridas características da doença. Tenho psoríase, uma doença auto-imune e genética que afeta a pele com erupções e lesões cutâneas. Felizmente não tenho lesões maiores ou sérias, apenas bolinhas no cotovelo, um dos lugares de maior incidência da doença, junto com pernas, joelhos e barriga.
Realmente, chama a atenção quando vejo pessoas que têm características da doença, que pode ser desencadeada a partir da alimentação, medicação ou sistema nervoso. O aspecto da pele fica terrível e tem gente que realmente sofre com o efeito da doença, que acaba com qualquer fio de autoestima que a pessoa possa ter. Depois que descobri a psoríase, adotei uma postura de estresse zero ou quase zero, caso contrário ficaria toda “empipocada”. Também cuido da alimentação, evito alimentos ricos em conservantes, que não me ajudavam em nada com a doença. Quanto a remédios, preciso evitar o cetoconazol. Uma coisa que a mim faz bem é o sol.
Mas a questão é que mesmo assim, às vezes, me sinto alvo de preconceito. As pessoas olham para o meu cotovelo e perguntam o que aconteceu. Até explicar o que é e o motivo, elas vão gradativamente esboçando o sentimento da pena em seus rostos. Tento não pensar nisso e tratar com naturalidade a doença, muito menos me abater com as caras tortas me olhando. Numa visão positiva, minha psoríase é pouca coisa perto de outras doenças muito mais agressivas.
Falando em preconceito, atento para a desistência do governo federal em nomear Emir Sader para a direção da Fundação Casa Rui Barbosa, depois de ele ter se referido à ministra da Cultura como “meio autista”.
Sinceramente, ele não deve ter em sua casa ou em sua família uma pessoa autista e não deve ter percebido o quanto foi preconceituoso com a insinuação. Ele também não deve saber como é doloroso e difícil o relacionamento com uma pessoa que sofre de autismo. Autistas são pessoas fechadas para o mundo, têm uma realidade só deles. Há casos em que não conseguem falar, podem ser agressivos, mas também extremamente carinhosos. Qualquer evolução do comportamento autista necessita de tempo, compreensão, dedicação e paciência, nunca de pré-julgamentos.
Não conheço o senhor Emir Sader, não sei se é competente ou não, mas achei bem feito que tenha perdido o cargo. Não precisamos de gente preconceituosa “lá em cima”.
Eu sei me defender, mas e quem não pode ou não consegue?
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