TENSÃO. Esquentou o papo entre novista Bandeira e tucano Leite. Bate-boca durante debate na Federasul

Do portal do Jornal do Comércio, em texto de MARCUS MENEGHETI, com imagem de Reprodução

Os candidatos ao governo do Estado do Partido Novo, Mateus Bandeira, e do PSDB, Eduardo Leite, protagonizaram nesta quarta-feira (22) o embate mais tenso da campanha eleitoral. Durante Tá na Mesa especial organizado pela Federação das Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul) para ouvir as propostas dos políticos que disputam o Palácio Piratini, o tucano acusou Bandeira de “mentiroso” depois de ter sido sucessivamente criticado pelo candidato do Novo.

Bandeira e Leite são de Pelotas. O candidato do Novo, inclusive, prestou consultoria à gestão do tucano quando ele foi prefeito de Pelotas. Entretanto, Bandeira vem questionando a trajetória e as propostas de  Leite desde o primeiro debate, na Rádio Gaúcha. O motivo das críticas tem sido justamente a gestão em Pelotas.

Confira o momento do embate entre Leite e Bandeira

 

No evento desta quarta, o candidato do Novo vinha atacando, de forma velada e às vezes direta, o ex-prefeito de Pelotas. Primeiro, criticou candidatos que falam que sua gestão foi uma maravilha, mas aumentam impostos (em referência ao IPTU de Pelotas). Depois, citou gestores que não pagam financiamentos em dia (também apontando débitos do município da Metade Sul com o Banrisul).

O tucano, que nesta primeira semana de atividades vinha contra-atacando Bandeira mantendo a compostura, partiu para o ataque e chamou o candidato do Partido Novo de “mentiroso”, e reforçou em alto e bom som para a plateia da Federasul, “repito, mentiroso, com todos as letras”. A rusga esquentou quando os postulantes ao Palácio Piratini respondiam à mesma pergunta: como aumentar a receita do Estado sem aumentar impostos?

O tucano sustentou que, para retomar o crescimento econômico, era necessário fazer reformas estruturantes. Para isso, era preciso apoio na Assembleia Legislativa, o que sua candidatura tinha alguma vantagem, porque a coligação (PSDB, PTB, PP, PPS, PRB, Rede, e PHS) tinha o maior número de cadeiras na atual configuração do Parlamento.

Na sua vez de responder, Bandeira deu uma indireta: “Tem uma distância quilométrica entre discurso e prática. Alguns candidatos dizem que ajustaram as contas das prefeituras que governaram. Mas aumentaram impostos (se referindo ao IPTU de Pelotas), criou a taxa (da coleta) do lixo e deixou de pagar uma dívida com o Banrisul. Assim é fácil ajustar as contas”.

Quando os candidatos foram questionados sobre segurança pública, Leite retrucou: “Vou ter que usar um minuto do meu tempo para restabelecer a verdade. Não posso deixar passar a mentira. Digo, com todas as letras, o candidato Mateus Bandeira é mentiroso. Mentiroso!”.

Em seguida, Leite relatou que, “quando Bandeira era o presidente do Banrisul, que tinha os créditos da companhia de energia elétrica, fez um acordo com a prefeitura de Pelotas que feria a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), o que foi apontado pela Procuradoria-geral da Fazenda nacional”.

“Quando assumi a prefeitura de Pelotas, para não perder R$ 110 milhões de investimentos captados no FGTS, tive que renegociar os débitos com o Banrisul. Ele (Bandeira) sabe que mente, porque, quando já era ex-presidente do banco, o chamei para a reunião com o presidente da época, para ajudar na renegociação. Ajustamos com o banco de que ele nos acionaria judicialmente e, na Justiça, refizemos o acordo. Essa é a verdade. E agora ele vem mentir nesse debate!?”, reclamou Eduardo Leite.

Na sua vez de falar sobre segurança, o candidato do Novo contou que, “quando o candidato Eduardo Leite foi eleito prefeito de Pelotas, me telefonou para pedir ajuda. Quando tomou posse, pediu a minha ajuda novamente, e contratou a minha empresa de consultoria para organizar o escritório de gestão de projetos da sua administração. Quando detectou que existia dificuldades para obter financiamentos no Ministério das Cidades, pediu a minha ajuda mais uma vez”.

E arrematou, citando notícia de jornal do dia 30 de julho de 2017, em que Eduardo Leite havia dito que contava com as ideias de Mateus Bandeira para montar o seu plano de governo. “Talvez esteja incomodado porque, desta vez, não o ajudei com as minhas ideias.” Quanto à questão envolvendo o Banrisul, o ex-presidente do banco contou a sua versão, criticando a opção da gestão de Leite de interromper os pagamentos do débito e refazer o acordo na Justiça. “Tudo que eu disse aqui é verdade. Gostaria que tivesse uma agência fact checking aqui na Federasul para comprovar”, arrematou.

Embate começou no primeiro dia de campanha

No primeiro dia de campanha eleitoral, em debate na Rádio Gaúcha, por exemplo, os dois já haviam se engalfinhado. Na ocasião, Bandeira perguntou a Leite: “Pretende aumentar impostos como fez em Pelotas (se referindo à revisão da planta do IPTU, promovida pelo tucano, quando era prefeito)?” Antes mesmo do tucano começar a responder, quando agradeceu à pergunta, o clima já ficou tenso.

O candidato do Novo ironizou: “Ficou nervoso?”. O que gerou uma reclamação do tucano: “Atenha-se a falar no seu tempo”. Ao prosseguir, o ex-prefeito de Pelotas defendeu a superação da crise financeira do Estado através da adesão ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF).

O candidato do Novo não ficou satisfeito com a resposta. “O candidato não respondeu a minha pergunta, mas sei que aumentou impostos em Pelotas, porque eu pago IPTU lá”.

Quando a palavra voltou a Leite, foi direto: “Revisamos a planta do IPTU em Pelotas, para que quem possa pagar mais, pague mais. O candidato (do Novo) talvez esteja incomodado porque esteja construindo uma casa em uma área nobre, onde tem que pagar mais IPTU”.

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