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O que a Igreja Católica sabe sobre governança que sua empresa ainda não entendeu – por Marionaldo Ferreira

“O que importa é reconhecer que algumas instituições têm muito a ensinar”

O que a Igreja Católica me ensinou sobre governança

Vivemos um tempo em que a comunicação nunca foi tão fácil. Em segundos, uma mensagem atravessa continentes. Um vídeo viraliza em minutos. Reuniões são feitas por vídeo, documentos compartilhados em nuvem, e tudo parece girar mais rápido. Mesmo assim, vejo muitas organizações com dificuldade de se organizar, de tomar decisões com clareza e de manter coerência entre o que dizem e o que fazem.

Esses dias, enquanto refletia sobre modelos de governança, me veio à mente uma das instituições mais antigas que conheço – e, talvez, uma das mais bem organizadas da história: a Igreja Católica.

Sim, pode parecer curioso, mas quanto mais penso, mais percebo o quanto a Igreja é um exemplo vivo de governança eficiente.

Uma estrutura que atravessou séculos

Estamos falando de uma organização com mais de dois mil anos, presente em praticamente todos os países do mundo, com milhões de membros e uma estrutura hierárquica impressionante. E o mais curioso: mesmo com toda essa complexidade, ela segue funcionando.

Claro, não estou dizendo que é perfeita – como qualquer instituição humana, tem suas falhas. Mas é inegável a capacidade da Igreja de manter coesão, identidade e propósito ao longo do tempo. Isso não é pouca coisa.

O segredo? Missão clara e governança sólida

A Igreja tem algo que considero fundamental: clareza de missão. Ela sabe por que existe. Tudo o que faz – da liturgia ao trabalho social – gira em torno da sua missão de anunciar o evangelho. Isso dá um norte poderoso para sua governança.

Além disso, a estrutura é pensada para durar. Existe hierarquia, sim – Papa, cardeais, bispos, padres, diáconos -, mas também existe uma lógica de formação, sucessão e autonomia local. Cada paróquia tem certa liberdade de atuação, mas dentro de princípios comuns. Essa combinação de centralização com descentralização bem dosada é o que garante longevidade e coerência.

E o que isso tem a ver com a gente, hoje?

Muita coisa.

Se você lidera uma equipe, toca um projeto social, tem um negócio próprio ou simplesmente quer entender como fazer as coisas funcionarem melhor com pessoas, pode tirar boas lições dessa estrutura milenar:

Tenha clareza de missão: saber por que você faz o que faz muda completamente a forma como você toma decisões.

Defina bem os papéis: governança também é sobre saber quem faz o quê, quem decide o quê, e quem responde por quê.

Prepare sucessores: nenhuma liderança é eterna. Formar pessoas para continuar o trabalho é sinal de visão.

Adapte-se sem perder a essência: o mundo muda, e mudar é necessário. A gente vive buscando respostas em livros de gestão, em cursos caríssimos e em modismos corporativos. Mas às vezes, olhar para a história com atenção pode revelar modelos simples, profundos e eficazes.

Não importa se você é religioso ou não. O que importa é reconhecer que algumas instituições têm muito a ensinar sobre como cuidar de uma organização, de uma causa, ou de uma comunidade. E a Igreja Católica, nesse ponto, é um baita exemplo.

(*) Marionaldo Ferreira é servidor aposentado da UFSM. Tecnólogo em Processos Gerenciais, Especialista em Administração e Marketing, Psicanalista em formação e tem, também, MBA em Gestão de Projetos. Seus textos são publicados nas madrugadas de segunda-feira.

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Um Comentário

  1. Foi reportado um deficit na Igreja Catolica de 83 milhões de euros em 2024. Bota ‘governança’ nisto. Sem falar no escandalo do Banco Ambrosiano e da Loja Maçonica P2 na decada de 80.

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