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Feminismo, preconceito, mídia e a necessidade de não calar – por Débora Dias

O movimento feminista moderno, segundo os historiadores, teria surgido na França por ocasião da Revolução Francesa (1789), com o iluminismo. Já o feminismo contemporâneo surgiu nos Estados Unidos, entre as décadas de 60 e 70, o qual esteve em grande evidência, proclamando a denominada “libertação da mulher”, leia-se igualdade jurídica, política e econômica. Neste contexto surgiram grandes intelectuais feministas como Simone Beauvoir, Betty Friedan e Kate Millet. Mas não podemos negar que o vocábulo feminista sempre esteve muito associado a mulheres revoltadas, esquisitas, talvez homossexuais, contra os homens de um modo geral, enfim, radicais.

Neste sentido, muito bem colocado em artigo escrito e veiculado no jornal Zero Hora,  por Maria Berenice Dias, no sentido de que as feministas eram vistas como “…mulheres que homem nenhum quis. Por isso saiam às ruas em busca de igualdade”. Hoje, percebo que já houve evolução nestas “percepções”. Assim, feminista não é sinônimo de mulher contra os homens e muito menos “mal amada” (como teimam alguns desavisados em afirmar). Não é porque as mulheres pensam e ousam discordar da ordem geral, de conceitos discriminatórios socialmente construídos, discordar da continuidade de uma cultura machista existente é que são infelizes (preconceito puro!), mas nós mulheres temos o dever de discordar dos preconceitos em relação ao gênero, de querer que a sociedade mude, de falar, de discutir.

Quando vejo uma propaganda machista, de forma aberta ou de maneira sutil, fico realmente indignada porque penso que nós não podemos assistir passivamente a mulher ser associada e colocada no mesmo patamar da cerveja e do futebol, não necessariamente nesta ordem! Neste mesmo sentido há também as propagandas de carro, as quais quem dirige em 99% dos casos são os homens.

Diante disto, o que devemos dizer aos nossos filhos e filhas quando estamos em frente ao aparelho de TV, em família? Este tipo de mídia (des)educa muito mais do que podemos admitir; imagens são muito mais do que palavras; a educação dada a crianças e adolescentes os prepara para o mundo, para as relações interpessoais, para os relacionamentos afetivos, a maneira como vão interagir em seus relacionamentos, o respeito entre homens e mulheres. Enquanto tivermos essa “educação” a oferecer, passivamente, podemos pensar imediatamente em continuar criando leis em nossa fábrica brasileira, para tapar as deficiências, como por exemplo, a Lei Maria da Penha (importantíssima), que busca amenizar os efeitos culturais do tratamento dispensado às mulheres.

Assim, homens e mulheres, devemos lutar para modificar essa realidade, em cada oportunidade que temos, inclusive aqui no site do Claudemir; devemos manifestar nosso pensamento, nosso descontentamento com o machismo masculino e principalmente com o machismo feminino, o mais preconceituoso e pior de todos. O discurso pode parecer para tantos que é vazio, mas não o é e não pretende ser, sempre que posso falo sobre esses conceitos e pré-conceitos, em palestras, com a comunidade, em entrevistas, porque acredito no ditado popular “quem cala consente”. Por isso não calo! Termino com o pensamento de Simone de Beauvoir: não se pode escrever nada com indiferença.

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2 Comentários

  1. É muito bom ver que, além de todas as conquistas femininas alcançadas, que muda a visão do feminismo(e para melhor). O fato das mulheres defenderem os seus direitos não quer dizer que não gostem mais dos homens e querem baní-los do universo. A luta pela igualdade é justamente por uma sociedade igualitária. A ideia de ter atras de um grande homem uma grande mulher não, necessariamente, deva ser esta afirmação trocada por uma grande mulher na posição do grande homem, mas o ideal seria os dois gêneros caminhando um ao lado do outro somando seus talentos e suas particularidades. Este seria o ideal…ou uma utopia.

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